Dubai Airports, um oásis de design no deserto
Postado em: 20 / 05 / 2010
O designer e blogueiro, Marcelo Tomaz (ao lado), é nosso novo colunista. Ele irá escrever mensalmente artigos sobre diversos assuntos ligados ao design e ao branding. Neste seu primeiro artigo ele fala da criação das marcas do Aeropoto de Dubai. Veja a seguir:
Por Marcelo Tomaz
Em 2007, Dubai resolveu mais uma vez aparecer no cenário internacional e, como de costume, com um trabalho fascinante. Depois de multiplicar a sua costa marítima construindo ilhas artificiais The Palm e The World, de construir uma pista de esqui com neve, Ski Dome, e o maior hotel do mundo, o Burj Dubai, a ex-aldeia de pescadores e coletores de pérolas resolveu investir também em um ambicioso projeto de branding.
O objetivo é transformar a sua principal porta de entrada, o aeroporto internacional, em uma grandiosa e, claro, útil vitrine para o mundo. Transformar um emirado produtor de petróleo em uma referência turística, tecnológica, econômica e ainda na principal porta de entrada para o Golfo Pérsico, convenhamos, é uma tarefa bastante complexa, com inúmeras variáveis. Por isso, não haveria espaço para aventuras. Para garantir o sucesso dos seus objetivos contataram os maiores e mais influentes escritórios de branding e design do mundo, Cato Purnell Partners, FutureBrand, Landor, entre outros, que para lá foram em busca dos petrodólares.
A escolhida, a empresa australiana Cato Purnell Partners, desenvolveu um poderoso sistema de identidade visual para que a marca se tornasse uma referência internacional. Dubai é realmente incrível e, por lá nada é impossível quando cismam com alguma coisa. Ainda bem que compreendem como poucos o valor do design.
“No limits”
Estima-se que em cerca de cinco anos o petróleo de Dubai acabará ou pelo menos diminuirá consideravelmente a sua participação na economia, que no caso de Dubai já não ultrapassa 5% do PIB. Ainda assim Dubai continuará sendo um lugar muito atraente aos visitantes graças às suas estratégias de marketing e grandes investimentos pensados e executados já há algum tempo.
Migrando para o oásis
O maior aeroporto do mundo será o de Dubai, em ritmo acelerado de construção. Como já é tradição em Dubai, a aparência do novo empreendimento não poderia ser deixada em segundo plano. Cada símbolo, cada hierarquia e cada disposição dos elementos foi cuidadosamente pensada pela Cato Purnell para que a nova marca do aeroporto refletisse Dubai exatamente como o emirado quer ser visto, como o centro vibrante do mundo. Do mundo árabe? Não, do mundo mesmo, esse azul aqui pertinho ao qual estamos acostumados.
Design que salta aos olhos
Muitas cores e formas, ora lineares, ora curvas, fazem do projeto uma miscelânea de sensações. Como os ambientes de um complexo aeroportuário compreendem uma diversidade enorme de climas e aparências, as marcas vêm amenizar o choque de uma área rústica como o setor de cargas e valorizar ainda mais áreas como o setor de embarque e desembarque, como uma experiência intensa na mente do público.
Marca ampla e complexa
Cinco marcas principais e 24 submarcas compõem a nova arquitetura desenvolvida com variações sobre o mesmo tema (Dubai centro do mundo). Todas contam com grande personalidade, boa escolha e combinação de cores, tipos bem definidos e ilustrações impecáveis que fazem até o mais desatento dos seres humanos notar.
Tudo isso sem ser apelativas, traumáticas ou vulgares. Pequenos ajustes deveriam ser feitos nas marcas para facilitar suas aplicações na Internet e para melhorar a sua legibilidade em reduções mínimas, mas como ainda não tive acesso aos manuais de aplicação e suas versões finais, não posso afirmar que seja um ponto falho. Ainda.
As marcas principais
Dubai Airports, Dubai International e Dubai World Central são as três principais marcas da arquitetura e representam a sua espinha dorsal. Dubai Airports reflete o complexo aeroportuário, enquanto as outras duas, os posicionam no “centro do mundo” como julgam ser o seu lugar. E se outras cidades pestanejarem, será.
Areia que desperta interesse
Inteligência regada a dólares. É isso que faz Dubai. Diferente de outras cidades, países ou regiões pelo mundo. São atentos, arriscam e têm uma agilidade perigosa nas decisões. Afinal de contas lá quem decide é um xeique e não um representante democrático eleito pelos cidadãos e que precisa submeter suas decisões a uma sequência de trâmites legais que invariavelmente atravancam processos que deveriam ser rápidos para surtir efeitos o quanto antes.
Imagine se a nossa economia dependesse, de uma hora para outra, da rápida estruturação do turismo como forma de sobrevivência econômica e comercial? Ainda bem que não precisaremos disso, nossas riquezas naturais são enormes e ainda poderemos explorá-las de forma desenfreada por muito tempo, até chegarmos a esse ponto, não é? Então, problema dos nossos bisnetos, certo?
Dubai
Nosso colunista, Marcelo Tomaz, é designer e autor Bla-marcelotomazum um blog criado para falar de forma simples sobre temas nem sempre fáceis como branding, design, propaganda, marcas e afins.