A revolução pelo design, no pensamento de Marty Neumeier
Postado em: 12 / 07 / 2010
Por Mário Verdi
Segundo Marty Neumeier, consultor e autor dos livros The Brand Gap, Zag e The Designful Company, o designer é o profissional que possui as características necessárias para revolucionar a forma como o modelo do pensamento atual se estabeleceu, saindo da lógica da Planilha Eletrônica e da Linha de Montagem para uma visão holística, capaz de perceber o mundo de forma não-linear.
No livro The Designful Company, Neumeier afirma que, “se é a Inovação que origina a Diferenciação, é o Design que origina a Inovação”. Ele parte então para uma definição de design que ultrapassa os limites da forma e da estética, dizendo que até hoje, “a disciplina do Design tem sido relegada a um papel coadjuvante, confundida com um Salão de Beleza para identidades visuais e comunicação, ou como última etapa do processo de lançamento de um produto”.
Neumeier indica que o Design não é mais confundido com parafernália tecnológica como o iPod, o Nintendo Wii ou um carro Elétrico. O Design agora passa a conduzir inovação também em Processos, Sistemas e Organizações. O Design gera inovação; a Inovação reforça a Marca; a Marca constrói Fidelidade e a Fidelidade sustenta os Lucros.
Empresas genuinamente inovadoras são preferidas pelos consumidores. No livro, Neumeier usa como exemplo Steve Ballmer, CEO da Microsoft, que ficou famoso por um vídeo no qual ele fala sobre a Microsoft e grita “I Love this Company!”.
No caso da Apple, são os consumidores que gritam a frase. Isso explica porque a Apple está no topo da lista de marcas mais valiosas do mundo, bem à frente da Microsoft. A Apple usa o design como a semente de todos os seus projetos. Não são os produtos que “têm” design. É o design que resulta em novos produtos.
Neumeier segue citando Roger Martin, reitor da Rotman School of Management, da Universidade de Toronto, Canadá, que afirma que “para criar relevância, as empresas vão ter que fazer mais do que contratar designers. Elas terão que SER designers. Precisarão pensar como designers, sentir como designers e agir como designers.”
Os designers possuem uma capacidade inigualável de promover mudanças. O dia-a-dia de nossa profissão pode ser descrito como uma ininterrupta busca pela melhoria de uma dada situação. E não são somente os designers que agem desta maneira. Nós somos munidos de um ferramental para tangibilizar estas mudanças de forma mais visível.
Mas qualquer outro profissional pode ter uma abordagem “de design” em suas tarefas, até mesmo um médico. A séria House, do Universal Channel, retrata um médico que utiliza abordagens altamente inovadoras e não lógicas na busca pela resposta para os casos mais complicados da medicina.
Segundo Marty, os designers, no entanto, possuem algumas características muito favoráveis ao modo holístico de pensar do design: A empatia, a intuição, a imaginação e a ideologia. Essas são algumas das características que os diferenciam daqueles que utilizam o lado esquerdo do cérebro na elaboração de suas estratégias. Ao mesmo tempo, essas características os tornam seres estranhos ao mundo corporativo atual, ainda engajado na visão Tayloriana da Administração.
Muito em breve os executivos tradicionais perceberão que nosso Idealismo, que nos impele a sempre buscar melhorar o que está errado e oferecer o que está faltando, poderá ser usado como planta baixa para gerar novas alternativas de serviços e produtos.
Nossa Intuição, que nos permite resolver os problemas de forma não-linear e não-lógica, será considerada uma virtude e não um capricho. E, então, seremos promovidos de meros esteticistas a verdadeiros agentes da revolução do modo de pensar atual.
Livros de Marty Neumeier
The Designful Company – How to build a culture of nonstop innovation
Marty Neumeier
Editoras: New Riders e AIGA
Não foi lançado no Brasil ainda
Marty Neumeier
The Brand Gap – tem em português
Marty Neumeier
Zag – tem em português
Mário Verdi é designer, sócio-fundador da Verdi Design, de Porto Alegre, escritório de design que atua há mais de 20 anos nas áreas de identidade corporativa, sinalização, design gráfico e design de embalagens. Foi vencedor do Prêmio Bornancini de Design, edição 2008, com o projeto de identidade visual desenvolvido para a cidade de Foz do Iguaçu.
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Comentários (6)
Gostaria de parabenizar o autor do artigo. Realmente entendo que o designer poela capacidade de criação deva ser elo entre a criação e o mercado. Este tipo de posicionamento leva a uma maior competitividade empresarial. O design deve estar carregado pela pesquisa. Apenas inovação descolada da pequisa e mercado não cria pragmatismo. Mais um vez parabéns!
Excelente artigo!
E enquanto o mestre Neumeier vislumbra designers em posições cada vez mais altas na hierarquia corporativa, por aqui, vemos os próprios de designers de fora do maior projeto de design para o País, atualmente, que é a Identidade da Copa do Mundo. Ops, desculpe, não foi projetada uma identidade, e sim, um logo. Mas e daí, quem liga pra diferença? ; )
O Neumeier é ‘o cara’, idealizou uma forma de pensar o branding simples e pertinente. O Mário também é ‘o cara’, e com esse, tive o prazer de trabalhar na Verdi Design.
Grande abraço e bem vindo!
Parabéns Mario,
É muito feliz quando coloca que o “Muito em breve os executivos tradicionais perceberão que nosso Idealismo, que nos impele a sempre buscar melhorar o que está errado e oferecer o que está faltando, poderá ser usado como planta baixa para gerar novas alternativas de serviços e produtos. ” e isso é na verdade, que os empresários e executivos. Já estão percebendo que o mercado não precisa de mais artefatos, mas sim de mais soluções.
grande Abraço.
Caros leitores, o livro The Designful Company já está disponível em português.
Segue o link para comprá-lo pela Saraiva:
http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/2849726/A-Empresa-Orientada-Pelo-Design
Parabéns Mario,É muito feliz quando coloca que o “Muito em breve os executivos tradicionais perceberão que nosso Idealismo, que nos impele a sempre buscar melhorar o que está errado e oferecer o que está faltando, poderá ser usado como planta baixa para gerar novas alternativas de serviços e produtos. ” e isso é na verdade, que os empresários e executivos. Já estão percebendo que o mercado não precisa de mais artefatos, mas sim de mais soluções.grande Abraço.
+1
Muito bom artigo. Chega num momento em que este tema está em pauta e contribui para a discussão qualificada do assunto.