Estudantes da UFMG constroem aviões e colecionam recordes
Postado em: 15 / 02 / 2011
Maria Edicy Moreira
Estudar só teoria é uma coisa. Estudar praticando as teorias aprendidas é outra. É assim que vivem os alunos do curso de engenharia aeronáutica da escola de engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG: estudando, desenhando e construindo aviões de verdade, capazes de voar e, tripulados.
Os bons resultados dessa experiência já foram comprovados várias vezes. Tudo começou em 1964 quando o professor Cláudio P. Barros desenhou o primeiro planador CEA101-CB-1 chamado Gaivota. Depois, junto com alguns alunos do curso de engenharia mecânica, construiu seu invento. De lá para cá os alunos e professores da UFMG já desenvolveram nove aviões e construíram sete. E o melhor de tudo é que não param de colecionar troféus e recordes.
As mais recentes conquistas vieram em dezembro de 2010, quando o avião CEA 308 conquistou quatro recordes mundiais na categoria C1A0, que engloba modelos com motor a pistão, hélice e peso total de decolagem de até 300 quilos. “Nunca na história da aviação brasileira houve a tentativa de quebrar recordes mundiais com aeronave motorizada”, disse, o professor de engenharia aeronáutica da UFMG e coordenador do projeto, Paulo Iscold.
A aeronave CEA 308 bateu o recorde russo de tempo de subida até três mil metros de altitude – baixou de 13 minutos e 40 segundos para 8 minutos e 15 segundos. Também superou duas marcas que pertenciam aos norte-americanos: velocidade em linha reta em 15 quilômetros. Atingiu 329 km/h contra 292 km/h dos americanos. E velocidade de ida e volta em cem quilômetros atingiu 326 km/h contra 297 km/h alcançados pelos EUA. O quarto recorde veio com a superação dos austríacos na velocidade em linha reta para três quilômetros: 360 km/h contra 351 km/h.
Tanto sucesso na conquista de recordes e troféus traz aos estudantes curso de engenharia aeronáutica da UFMG amplas possibilidades de se inserir no mercado de trabalho. Desde sua criação o curso já formou mais de 300 engenheiros, sendo que muitos deles se encontram trabalhando na Embraer, além de outros tantos que trabalham outras empresas de transporte aéreo no Brasil e no exterior. Atualmente a UFMG é, ao lado do ITA e da USP São Carlos, é uma das três universidades no Brasil apta a formar este tipo de engenheiro.
Usando o CAD
No mundo de tantas tecnologias em que vivemos hoje falar em conceber e construir aviões sem um bom software de CAD e outros de simulação e análise de protótipos digitais é quase uma heresia. Por isso, além de contar com o apoio dos professores, os estudantes do curso de engenharia aeronáutica da UFMG contam com uma importante ferramenta para desenvolver seus projetos o CAD, SolidWorks.
O software auxilia no design dos aviões, detalhamento do projeto e ainda ajuda a fazer simulações para avaliar a resistência de componentes dos aviões (ainda na fase de protótipo digital) reduzindo o consumo de matéria-prima, acelerando do desenvolvimento e aumentando a qualidade do produto final. Também o software apóia no compartilhamento de informações de projeto de forma rápida e dinâmica entre os estudantes, professores, patrocinadores e fornecedores.
Os alunos exploram tão bem os recursos do CAD que o grupo, representado pelo professor Paulo Iscold, foi selecionado para apresentar o projeto do CEA 308 em uma seção técnica na conferência SolidWorks World, que aconteceu entre os dias 23 e 26 de janeiro em San Antonio no Texas/EUA. Além de apresentar o projeto em uma seção técnica, o grupo foi homenageado durante a General Session, a principal conferência da SolidWorks World, pelos ótimos resultados do seu trabalho.
O começo
O interesse pela aeronáutica na UFMG, que surgiu em 1964, graças ao empenho do professor Cláudio P. Barros desenhou o primeiro planador CEA101-CB-1 Gaivota, cresceu tanto que, em 1975, a UFMG decidiu oferecer aos alunos de graduação do curso de engenharia mecânica a opção “com ênfase em engenharia aeronáutica”.
Com essa opção, os alunos aprovados em todas as disciplinas oferecidas na ênfase em aeronáutica obtinham o título de engenheiro mecânico aeronáutico, podendo exercer todas as funções atribuídas pelo Conselho Federal de Engenharia.
O curso de engenharia aeronáutica, desenvolvido no Centro de Estudos Aeronáuticos, tornou-se independente a partir do vestibular de 2009 quando foram oferecidas 50 vagas em duas entradas por ano (25 vagas por semestre). O curso tem a duração de cinco anos e inicialmente os alunos vão poder formar-se na habilitação de engenharia aAeronáutica.
Para os próximos anos, estuda-se projetar uma segunda habilitação, em engenharia astronáutica. Desde o primeiro período, os alunos terão contato com disciplinas básicas da engenharia, encontradas também no curso de engenharia mecânica, como base em cálculo e física. Para se formar, os alunos terão de fazer um projeto de conclusão de curso no qual deverão desenvolver, planejar e implementar um sistema aeroespacial, que pode ser um veículo, um equipamento ou um programa computacional.
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Comentários (1)
Sou um entusistas da vela, e da aeronáutica. Após alguns anos e agora aposentado investi no software SW para para poder desenvolver minhas idéias e apreender. Muito estudo em carater solitário e de muitas pesquisa na internet. Um grande hobbie que se inicia vencer e aprender o SW.
Como meu principal objetivo é apreender procuro na internet alterantivas quem possam ir me auxiliando, as vezes um video ali, e mais outro e vou praticando.
Vejo que no Brasil não existe este costume de compartilhar, e acredito que isto é necessário até para divulgar o excelente trabalho realizado por vocês. Parabéns e muito sucesso.