Estudantes da UFMG constroem aviões e colecionam recordes

Postado em: 15 / 02 / 2011

  
CEA 308 conquistou, em dezembro de 2010, quatro recordes mundiais (foto Márcio Jupei)

CEA 308 conquistou, em dezembro de 2010, quatro recordes mundiais (foto Márcio Jupei)

Maria Edicy Moreira

 Estudar só teoria é uma coisa. Estudar praticando as teorias aprendidas é outra. É assim que vivem os alunos do curso de engenharia aeronáutica da escola de engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG: estudando, desenhando e construindo aviões de verdade, capazes de voar e, tripulados.

Os bons resultados dessa experiência já foram comprovados várias vezes. Tudo começou em 1964 quando o professor Cláudio P. Barros desenhou o primeiro planador CEA101-CB-1 chamado Gaivota. Depois, junto com alguns alunos do curso de engenharia mecânica, construiu seu invento. De lá para cá os alunos e professores da UFMG já desenvolveram nove aviões e construíram sete. E o melhor de tudo é que não param de colecionar troféus e recordes.

As mais recentes conquistas vieram em dezembro de 2010, quando o avião CEA 308 conquistou quatro recordes mundiais na categoria C1A0, que engloba modelos com motor a pistão, hélice e peso total de decolagem de até 300 quilos. “Nunca na história da aviação brasileira houve a tentativa de quebrar recordes mundiais com aeronave motorizada”, disse, o professor de engenharia aeronáutica da UFMG e coordenador do projeto, Paulo Iscold.

CEA 309 Meharia, avião acrobático ilimitado, também foi construído pelos professores e alunos da UFMG

CEA 309 Meharia, avião acrobático ilimitado, também construído por professores e alunos da UFMG

A aeronave CEA 308 bateu o recorde russo de tempo de subida até três mil metros de altitude – baixou de 13 minutos e 40 segundos para 8 minutos e 15 segundos. Também superou duas marcas que pertenciam aos norte-americanos: velocidade em linha reta em 15 quilômetros. Atingiu 329 km/h contra 292 km/h dos americanos. E velocidade de ida e volta em cem quilômetros atingiu 326 km/h contra 297 km/h alcançados pelos EUA. O quarto recorde veio com a superação dos austríacos na velocidade em linha reta para três quilômetros: 360 km/h contra 351 km/h.

Tanto sucesso na conquista de recordes e troféus traz aos estudantes curso de engenharia aeronáutica da UFMG amplas possibilidades de se inserir no mercado de trabalho. Desde sua criação o curso já formou mais de 300 engenheiros, sendo que muitos deles se encontram trabalhando na Embraer, além de outros tantos que trabalham outras empresas de transporte aéreo no Brasil e no exterior. Atualmente a UFMG é, ao lado do ITA e da USP São Carlos, é uma das três universidades no Brasil apta a formar este tipo de engenheiro. 

 

Usando o CAD

Modelo 3D do CEA 308 concebido no CAD SolidWorks, facilita visualização e análise do projeto

Modelo 3D do CEA 308, concebido no CAD SolidWorks, facilita visualização e análise do projeto

No mundo de tantas tecnologias em que vivemos hoje falar em conceber e construir aviões sem um bom software de CAD e outros de simulação e análise de protótipos digitais é quase uma heresia. Por isso, além de contar com o apoio dos professores, os estudantes do curso de engenharia aeronáutica da UFMG contam com uma importante ferramenta para desenvolver seus projetos o CAD, SolidWorks.

O software auxilia no design dos aviões, detalhamento do projeto e ainda ajuda a fazer simulações para avaliar a resistência de componentes dos aviões (ainda na fase de protótipo digital) reduzindo o consumo de matéria-prima, acelerando do desenvolvimento e aumentando a qualidade do produto final. Também o software apóia no compartilhamento de informações de projeto de forma rápida e dinâmica entre os estudantes, professores, patrocinadores e fornecedores.

Os alunos exploram tão bem os recursos do CAD que o grupo, representado pelo professor Paulo Iscold, foi selecionado para apresentar o projeto do CEA 308 em uma seção técnica na conferência SolidWorks World, que aconteceu entre os dias 23 e 26 de janeiro em San Antonio no Texas/EUA. Além de apresentar o projeto em uma seção técnica, o grupo foi homenageado durante a General Session, a principal conferência da SolidWorks World, pelos ótimos resultados do seu trabalho.

O começo

O interesse pela aeronáutica na UFMG, que surgiu em 1964, graças ao empenho do professor Cláudio P. Barros desenhou o primeiro planador CEA101-CB-1 Gaivota, cresceu tanto que, em 1975, a UFMG decidiu oferecer aos alunos de graduação do curso de engenharia mecânica a opção “com ênfase em engenharia aeronáutica”.

CEA101-CB-1 chamado Gaivota construído pelo prof. Cláudio Barros, em 1964

CEA101-CB-1 chamado Gaivota construído pelo prof. Cláudio Barros, em 1964

 

Com essa opção, os alunos aprovados em todas as disciplinas oferecidas na ênfase em aeronáutica obtinham o título de engenheiro mecânico aeronáutico, podendo exercer todas as funções atribuídas pelo Conselho Federal de Engenharia.

O curso de engenharia aeronáutica, desenvolvido no Centro de Estudos Aeronáuticos, tornou-se independente a partir do vestibular de 2009 quando foram oferecidas 50 vagas em duas entradas por ano (25 vagas por semestre). O curso tem a duração de cinco anos e inicialmente os alunos vão poder formar-se na habilitação de engenharia aAeronáutica.

Para os próximos anos, estuda-se projetar uma segunda habilitação, em engenharia astronáutica. Desde o primeiro período, os alunos terão contato com disciplinas básicas da engenharia, encontradas também no curso de engenharia mecânica, como base em cálculo e física. Para se formar, os alunos terão de fazer um projeto de conclusão de curso no qual deverão desenvolver, planejar e implementar um sistema aeroespacial, que pode ser um veículo, um equipamento ou um programa computacional.

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Comentários (1)

 

  1. Rommel castro disse:

    Sou um entusistas da vela, e da aeronáutica. Após alguns anos e agora aposentado investi no software SW para para poder desenvolver minhas idéias e apreender. Muito estudo em carater solitário e de muitas pesquisa na internet. Um grande hobbie que se inicia vencer e aprender o SW.
    Como meu principal objetivo é apreender procuro na internet alterantivas quem possam ir me auxiliando, as vezes um video ali, e mais outro e vou praticando.
    Vejo que no Brasil não existe este costume de compartilhar, e acredito que isto é necessário até para divulgar o excelente trabalho realizado por vocês. Parabéns e muito sucesso.

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