Apdesign lança campanha para despoluir visual de Porto Alegre
Postado em: 25 / 03 / 2011
Mário Verdi, presidente da Apdesign
Maria Edicy Moreira
O designer, Mário Verdi, sócio-diretor da Verdi Design, acaba de assumir a presidência da Apdesign (Associação dos Profissionais em Design do Rio Grande do Sul) e já começa seu mandato - que vai até 2012 - levantando uma bandeira para tornar Porto Alegre uma cidade limpa (livre da poluição visual), seguindo o exemplo de São Paulo.
Verdi distribuiu nesta semana o seguinte comunicado: “Pessoal, estamos iniciando um movimento pela redução da poluição visual na Grande Porto Alegre. A degradação da paisagem urbana é um sério problema em nossa cidade. Por isso, peço ajuda de todos na divulgação da nossa campanha.”
A campanha lançada hoje (25 de março de 2011) pela Apdesign tem o sugestivo nome “QUERO VER PORTO ALEGRE!” Já foi lançado um blog: www.queroverportoalegre.com.br para que as pessoas possam publicar fotos mostrando a poluição visual na Grande Porto Alegre e fazer comentários.
Veja, no artigo a seguir, a visão de Verdi em relação à poluição visual de Porto Alegre:
Ambiente carregado e poluído transmite a sensação de abandono pelo poder público
Devolvam minha cidade!
Mário Verdi
Urbanização desordenada, grafite, equipamentos urbanos mal projetados e inoperantes, abuso na identificação de estabelecimentos comerciais e, por fim, a mídia exterior com seus cartazes, painéis, outdoors e telões eletrônicos gigantes. Esses são alguns dos sintomas da degradação da paisagem urbana de Porto Alegre.
Dentre os agentes causadores da poluição visual, a mídia exterior é a que mais preocupa. Hoje, o número de faces de mídia na capital gaúcha é quase 10 vezes maior que há 10 anos. O abuso na apropriação do espaço público parece não ter limites. Estima-se que em torno de 70% das faces existentes na grande Porto Alegre não estão em conformidade com as leis ou não possuem sequer autorização para instalação.
Não existem dados precisos sobre o assunto, pois nem mesmo os órgãos competentes estão totalmente cientes da realidade atual. Um cálculo aproximado indica que uma área mais de 350 mil metros quadrados, equivalente ao Parque da Redenção (da cidade de Porto Alegre), está bloqueada por veículos de publicidade ao ar livre.
E não se trata apenas de descumprimento de leis. O problema também interfere na saúde e na qualidade de vida da população e até na disseminação de atos criminosos, como a pichação e a depredação do patrimônio público e privado. Fomos treinados a decodificar e interpretar certos códigos, como o alfabeto, os números e as cores. Sempre que nosso mecanismo ocular capta esses códigos, ocorre o processo de decodificação e interpretação, mesmo que de forma involuntária, inconsciente.
Em torno de 70% das faces da grande Porto Alegre não estão em conformidade com as leis
Esse excesso de informação e desordem pode resultar em irritabilidade, cansaço, estresse, dificuldade de atenção, dores de cabeça e fadiga da visão. Além disso, o ambiente carregado e poluído transmite a sensação de abandono pelo poder público, influenciando na ocorrência de atos ilícitos e aumento da criminalidade.
Comparando o ruído visual à poluição sonora, trafegar em nossas ruas seria como estar em um ambiente onde uma centena de pessoas passa o dia gritando, clamando por nossa atenção. E não temos como escapar. Podemos escolher se queremos ou não ficar expostos aos anúncios de revistas, jornais e televisão, mas a propaganda ao ar livre não nos dá esse direito. É compulsória e invasiva.
Conclamamos a sociedade a discutir esse assunto, que impacta diretamente na qualidade de vida da população e na percepção de valor de nossa cidade. Caso contrário, corremos o risco de que novas iniciativas e melhorias relacionadas ao urbanismo tenham sua eficácia comprometida pelo excesso de interferências que carregam o visual de nossa Porto Alegre.
O designer Mário Verdi é sócio-diretor da Verdi Design e presidente da Apdesign (Associação dos Profissionais em Design do Rio Grande do Sul).
