“Indústrias precisam ir além da concepção e da modelagem 3D”
Postado em: 02 / 06 / 2011
Maria Edicy Moreira
“Para se manter competitivas cada vez mais as indústrias precisam ir além da concepção e da modelagem 3D, elas precisam chegar à prototipagem digital, à simulação, necessitam de meios de produção mais eficientes…”, afirma Ziegfried Koelln, diretor da SKA.
Em entrevista ao BDxpert o executivo disse ainda que a preocupação da SKA é sempre oferecer uma completa solução de softwares ao cliente e essa solução vai além dos aplicativos para a concepção e projeto mecânico. Tem a simulação, o usuário necessita fazer análises de vazão, temperatura etc., precisa documentar e gerenciar seus projetos e aí entram os PLMs. “As coisas ficaram mais sofisticadas e complexas e as empresas que adotam uma solução completa se tornam as mais competitivas.”
Sobre o uso dos tablets pelos usuários de CAD, Koelln observa que para aquele engenheiro ou projetista trabalha sentado à mesa do escritório os dispositivos móveis não tem grande impacto, mas para aquele usuário que está em campo visitando uma obra ou fazendo manutenção em uma máquina na linha de produção e precisa de uma informação com agilidade, o tablet tem grande impacto.
Koelln diz que a redução de impostos para a fabricação de tablets no Brasil é apenas a ponto do iceberg porque a máquina pública no Brasil é cara demais e ineficiente, por isso, não vai adiantar ter iPads sem resolver o problema do apagão logístico. “Você vai ter um iPad para ficar preso no trânsito com problemas de conexão? Só a redução dos impostos para iPads não vai resolver o problema, pode até acelerar o apagão logístico.”
Com relação ao Draftsight (software gratuito para ler e editar arquivos DWG) o executivo diz que o grande valor do software é que ele possibilita que as empresas resolvam suas necessidades de acesso, visualização e pequenas edições em 2D sem que isso consuma os recursos que elas iriam usar para dar o próximo passo investindo nos software 3D.
Gabriel Diehl Fleig, gerente de marketing da SKA, chama a atenção para o sucesso do produto. “Só nos últimos meses mais de 20 mil pessoas fizeram download do Draftsight no site da SKA. “Essa é uma resposta do mercado que desejava ter um software 2D para abrir editar seus arquivos DWG.”
Sobre a EAD (educação a distância) oferecida pela SKA, Fleig conta que essa modalidade de ensino, lançada há mais de um ano, já capacitou mais de 500 pessoas em SolidWorks, QC, EdgeCAM. “Agora está sendo lançado um novo curso, de Draftsight. “A vantagem da EAD, segundo Fleig, é que ela oferece a mesma qualidade de um curso presencial e é mais barata.”
Veja abaixo o software CAM, EdgeCAM, simulando usinagem em 4 eixos
Veja a íntegra da entrevista com Siegfried Koelln e Gabriel Diehl Fleig da SKA
BDxpert – Quais são as necessidades das indústrias com relação às tecnologias para projeto e fabricação de produtos?
Siegfried Koelln – Para se manter competitivas cada vez mais as indústrias precisam ir além da concepção e da modelagem 3D, elas precisam chegar à prototipagem digital, à simulação, precisam de meios de produção mais eficientes. A carência de mão de obra na indústria é real, faltam, por exemplo, operadores de máquina. Então é hora de investir em sistemas de produção mais modernos porque mesmo que não tenha uma mão de obra muito especializada a indústria vai conseguir aumentar sua produção. Para programar uma máquina no chão de fábrica o operador precisa de certo nível de qualificação, caso contrário ele não vai conseguir fazer o seu trabalho. Agora se a indústria tiver uma estação de programação com um software CAM capaz de entregar o programa pronto ao operador de máquinas no chão de fábrica, a ela vai conseguir trabalhar com os operadores menos qualificados que estão disponíveis no mercado sem perder a produtividade. O CAM é uma solução para suprir a carência de mão de obra.
BDxpert – Vocês estão preocupados em vender soluções integradas?
Siegfried Koelln – Existe a preocupação em oferecer uma solução completa ao cliente. E a solução é completa tem mais etapas, além da concepção, do projeto mecânico e do projeto elétrico. Tem a simulação, o usuário necessita fazer análises de vazão, temperatura etc., precisa documentar e gerenciar seus projetos e aí entram os PLMs. Na prática as coisas ficaram mais sofisticadas e complexas e as empresas que adotam uma solução completa são as mais competitivas, conseguem produzir com mais rapidez e qualidade.
BDxpert – Como tem sido a evolução do usuário de CAD no Brasil?
Siegfried Koelln – O primeiro passo foi sair da prancheta para CAD 2D, sair do CAD 2 para modelagem 3D. Ainda existe muita gente em 2D, mas também existe muita gente que já foi para o 3D. Agora está na hora de dar o próximo passo, fazer simulação, documentar melhor os processos, melhorar a gestão dos processos de engenharia, fazer uma integração eficiente dos processos de engenharia com os processos de manufatura. Tem empresas que evoluem mais rápido e outras menos. Isso tem a ver com as pessoas que estão na empresa e com a sua estratégia.
BDxpert – Como está adesão ao Drftsight?
Gabriel Fleig – Só nos últimos meses no site da SKA mais de 2 mil pessoas fizeram download. Essa é uma resposta do mercado que desejava ter um software 2D para abrir editar seus arquivos DWG. Foram anos e anos criando arquivos, desenhando e projetando em 2D e as pessoas querem ter acesso a essas informações.
Siegfried Koelln – As empresas têm um grande legado em 2D, mas nós já estamos em outra etapa de uso da tecnologia. Então faz todo sentido que as empresas direcionem seus investimentos para tecnologias mais modernas. E esse é o grande valor do Draftsight. Ele possibilita que as empresas resolvam suas necessidades de acesso e visualização e pequenas edições em 2D sem que isso consuma os recursos que elas iriam investir para dar o próximo passo, migrando para o software 3D. Hoje ninguém mais está na prancheta, isso não se discute, mas o 3D está aí e, além de fazer modelagem 3D, os usuários vão ter que partir para simulações para reduzir o tempo entre a ideia e o lançamento do produto. Se uma empresa não reduz esse tempo a outra o faz e vai sair à frente.
BDxpert – Quais são as vantagens do uso do CAD em dispositivos móveis?
Siegfried Koelln – Para aquele engenheiro ou projetista trabalha sentado à mesa do escritório os dispositivos móveis não tem grande impacto, mas para aquele usuário que está em campo visitando uma obra e precisa de uma informação com agilidade, isso tem grande impacto. Vamos falar do QC Pro (Software para projetos elétricos da SKA). Estamos lançando uma versão para visualização de projetos no iPad e no iPhone. As plantas industriais são muito grandes e a pessoa que está lidando com manutenção, por exemplo, precisa da informação ali, do lado da máquina. Eu não acho que vamos começar a fazer projetos nos iPad ou na iPhone, mas a disponibilização de informações e a solução rápida de dúvidas por intermédio dos dispositivos móveis, isso tem um valor tremendo.
BDxpert – O que você pensa sobre a medida do governo que pretende reduzir impostos para a fabricação de tablets no Brasil?
Gabriel Fleig – O acesso à tecnologia vai favorecer os usuários no longo prazo. O percurso para chegar aos dispositivos móveis poderia ser mais tranquilo. Hoje é possível comprar um notebook a menos de R$ 1.000,00 e um iPad chega a mais de R$ 2.500,00. A queda de preço vai aumentar o uso da tecnologia.
Siegfried Koelln – Isso é só a ponta do iceberg. O custo Brasil tem que ser repensado, é um absurdo você constatar que o iPad custa o triplo do que custa lá fora. O fato é que a máquina pública no Brasil é cara demais e ineficiente. Não vai adiantar ter iPads e ter apagão de logística, vai ter um iPad para ficar preso no trânsito com problemas de conexão. Só os iPads não vão resolver o problema, podem acelerar o apagão logístico.
BDxpert – Vocês estão investindo em EAD Quais são as vantagens?
Gabriel Fleig – Nossa EAD tem mais de um ano e já capacitamos mais de 500 pessoas em SolidWorks, QC, EdgeCAM. Agora estamos lançando um novo curso de Draftsight. A vantagem da EAD é que ela oferece a mesma qualidade de um curso presencial e é mais barata. Os cursos são mais baratos e as pessoas não necessitam gastar com passagens hotéis. Um curso de 10 horas, por exemplo, custa R$100,00 e um de 20 horas, R$ 200,00.