“A cultura do PLM no Brasil ainda não se consolidou”

Postado em: 11 / 07 / 2011

Da esq. p/dir.: Aturo Ortolo, Paulo Leal da Costa e Dan Siqueira, executivos da Siemens PLM

Da esq. p/dir.: Aturo Ortola, Paulo Leal da Costa e Dan Siqueira, executivos da Siemens PLM

Maria Edicy Moreira

“A cultura do PLM no Brasil, desde o design até a manufatura, ainda não se consolidou. A maioria das empresas ainda pensa em nichos de softwares – “preciso de um CAD, CAM, de uma solução para gerenciar meus documentos” – ainda não assimilou a cultura do PLM”, afirma Paulo Leal da Costa, vice-presidente de operações da Siemens PLM para a América do Sul. Apesar disso, ele diz que aos poucos as empresas começam a se preocupar com uma solução para proteger sua inteligência, olhando com mais interesse a área de PLM.

Em entrevista ao BDxpert o executivo disse que um dos motivos para o atraso do Brasil na consolidação da cultura do PLM está na falta de mão de obra e, é dever das universidades ajudar a formar essa nova mão de obra, ensinando aos futuros designers e engenheiros a trabalhar com as soluções PLM. Ele observa que hoje a quase totalidade das universidades ainda está preocupada em instalar laboratórios de CAD para ensinar os alunos a projetar, mas poucas se preocupam em passar a eles os conceitos de PLM.

Para ensinar o PLM as universidades necessitam de softwares e é aí que entram as empresas desenvolvedoras, como a Siemens PLM, ofertando seus produtos para propiciar esse ensinamento. Paulo Leal diz que essa é uma preocupação da Siemens PLM. “Nós sempre incentivamos as universidades a usar todos os nossos softwares. Fornecemos os aplicativos e treinamos os professores para que eles disseminem a tecnologia PLM na sua escola.”

O vice-presidente disse ainda que a Siemens PLM não está desenvolvendo soluções de cloud computing (computação na nuvem) porque as indústrias e a própria Siemens PLM desconfiam da segurança dessa tecnologia na área de engenharia. “Fizemos uma pesquisa com nossos clientes e 98% deles disseram não ter interesse nesse tipo de solução”.

Sobre o recente lançamento da versão ST4 do Solid Edge, Paulo Leal fez questão de enfatizar a consolidação do software no mercado e o fato de o Solid Edge já nascer em português. “Isso para nós é motivo de orgulho, mostra a importância que a Siemens PLM dá ao Brasil”.

Dan Siqueira, coordenador de marketing da linha Velocity para a América do Sul, também participou da entrevista ao BDxpert. Ele falou das estratégias de marketing para o lançamento da versão ST4 e destacou a tecnologia síncrona do Solid Edge, que permite trabalhar com modelamento no 3D direto (desenho livre) e paramétrico, como uma das grandes vantagens do software em relação aos CADs concorrentes. “O CAD híbrido é uma tendência.”

Arturo Ortola, gerente de canal da linha Velocity para a América do Sul, falou da preocupação da Siemens PLM em ampliar a venda indireta da linha Velocity investindo na capacitação das revendas e na contratação de novas. Também ele prometeu muitas novidades na promoção do Solid Edge ST4. A linha Velocity é composta pelo Solid Edge, Teamcencer Express, CAM Express e o CAE, Femap.

 

Pulo Leal: É dever das universidades ensinar aos alunos os conceitos do PLM

Paulo Leal: É dever das universidades ensinar aos alunos os conceitos do PLM

Veja a seguir a íntegra da entrevista com Paulo Leal da Costa, Dan Siqueira e Arturo Ortola:    

BDxpert – Qual é sua visão em relação à cultura do PLM no Brasil?

Paulo Leal – A cultura do PLM, desde o design até a manufatura, ainda não se consolidou no Brasil. Hoje as empresas ainda pensam mais em nichos. –“Preciso de um CAD, de um CAM, de uma solução para gerenciar meus documentos” –, mas aos poucos começam a pensar em uma solução que possa englobar tudo isso. Até dois anos atrás as empresas se preocupavam com softwares de ERP para controlar seus dados financeiros, dados de compras, mas hoje começam a se preocupar com uma solução para proteger sua inteligência. Elas estão olhando com mais interesse a área de PLM e a Siemens PLM está muito bem posicionada para atender a essas empresas. Oferecemos soluções de PLM completas, desde o design à manufatura, em diversos segmentos de mercado. A solução high end, com o NX (CAD, CAM e CAE), o Teamcenter e o Tecnomatix, conjunto de softwares para grandes empresas, e a plataforma Velocity com o Solid Edge, o Teamcenter Express, o CAM Express e o CAE, Femap, para empresas menores.

BDxpert O que ainda falta para as empresas adquirirem a cultura do PLM?

Paulo Leal – Ainda tem universidades ensinando engenharia mecânica com softwares CAD 2D. A indústria não precisa mais disso. Nós precisamos ter profissionais que saibam trabalhar com CAD 3D e entendam a cultura PLM. Isso é um dever das universidades, elas precisam nos ajudar a formar essa nova mão de obra. Hoje para suprir a falta de mão de obra muitas indústrias, principalmente as dos setores aeroespacial e automotivo, treinam seus profissionais internamente, depois alguns saem dessas empresas e vão espalhando o conhecimento sobre PLM no mercado. Em função disso, e do esforço das empresas que fornecem soluções PLM em levar essa cultura às empresas, eu diria que o uso do PLM no Brasil não está totalmente imaturo. Quando precisam modernizar sua engenharia ou inaugurar uma nova unidade industrial as empresas já pesam no PLM. Nós temos visto iniciativas de uso do PLM não só nas indústrias aeroespaciais e automotivas, mas também nos segmentos de bens de consumo, de máquinas, de tratores… Várias indústrias nesses mercados já falam em PLM com certa desenvoltura. Talvez nem todas estejam aplicando todos os conceitos do PLM, mas estão vendo que o conceito existe e estão procurando aprender a usá-lo.

BDxpert As universidades não estão ensinando PLM aos seus alunos?

Paulo Leal – Temos algumas universidades que estão começando a dar um conceito mais geral de PLM, mas a maioria está preocupada em criar laboratórios equipados com CAD para ensinar aos alunos projetar, sem ensinar o conceito de PLM para eles aprendam a gerenciar o ciclo de vida do produto. O ideal seria o aluno sair da universidade sabendo o que é PLM e como usá-lo para proteger a inteligência de uma empresa, desde a criação e fabricação até a reciclagem do produto.

BDxpert Existe alguma universidade que usa o PLM da Siemens?

Paulo Leal – Temos algumas universidades na Colômbia, na Argentina e no Brasil. A USP, em São Paulo, a UNIMEP, em Piracicada, e a Fei de São Bernardo, já têm essa visão do PLM. Nós sempre incentivamos as universidades a usar todos os nossos softwares. Todas as universidades que tiverem interesse em fazer um trabalho sério de disseminação da cultura PLM pode nos procurar. Nós fornecemos os softwares e treinamos os professores para que eles comecem a disseminar a tecnologia PLM na sua escola.

 

Dan Siqueira: O CAD híbrido é uma tendência

Dan Siqueira: Tecnologia síncrona do Solid Edge é novo paradigma no mundo do CAD

BDxpert O que vocês estão fazendo para ajudar as empresas a superar a falta de mão de obra?

Paulo Leal – O primeiro passo é convencer as empresas a investir no treinamento de seus profissionais mostrando que é um investimento que a empresa faz nela própria. Hoje as empresas têm certo receio em treinar seus profissionais por medo que eles mudem de emprego, mas esse é um risco que todas as empresas correm. Com um profissional qualificado, se a empresa não pagar um salário adequando, ele vai buscar outro emprego. A Siemens PLM oferece o treinamento em todas as suas ferramentas. Implantamos os softwares, treinamos os usuários e até fazemos um projeto piloto trabalhando junto com o usuário, focado em um produto da empresa, para que ela se desenvolva mais rapidamente e use bem os nossos softwares.

BDxpert Para entrar na empresa e vender seus softwares vocês têm de convencer primeiro o técnico ou o dono da empresa?

Paulo Leal – Convencer o técnico é o primeiro passo, porque ele tem uma necessidade e liga para a empresa de software, mas o PLM é resolvido na alta direção. A implantação do PLM trava um pouco o processo do usuário e ele não gosta muito, mas o dono da empresa gosta porque ele sabe para onde está indo o seu dinheiro. A aquisição do CAD, do CAE e do CAM é decidida pelo usuário. Ele diz: “Eu quero aquele software porque tem uma feature mais bonitinha”, mas a aquisição do PLM é decidida na alta direção. Nós vamos direto à diretoria e mostramos o valor dos nossos produtos.

BDxpert Vocês estão trabalhando com cloud computing (computação em nuvem)?

Paulo Leal – Nós da Siemens PLM não acreditamos nisso. Por que uma empresa vai deixar seu projeto na nuvem? Quem vai cuidar dele? Quem vai ser o proprietário? Quem vai tomar conta do seu produto? Nenhum dos nossos clientes está pedindo computação na nuvem. Existe muita desconfiança. Temos o Teamcenter que permite usar dispositivos móveis para acessar projetos desenvolvidos no NX e no Solid Edge, mas isso é feito direto no servidor da empresa, com total segurança. Você disponibilizar um arquivo seu em qualquer servidor que não seja domínio da empresa eu considero muito arriscado. Muitos desenvolvedores de software tentam mostrar a aplicação da computação na nuvem, mas não existe nenhum caso real para arquivos de engenharia. Quando se fala em documentos Word, Excel, documentos Office, tudo é possível, mas quando fala de arquivos de engenharia em que um componente tem 10 MB ou 20 MB e uma montagem chega a 50 MB ou 60 MB, é quase inviável ficar trafegando isso na nuvem. Se não conseguimos ter nem uma banda rápida no Brasil, imagine computação na nuvem. Hoje, estamos falando em banda larga no Brasil de 1 MB. Fizemos uma pesquisa com nossos clientes perguntando se a computação na nuvem seria interessante para eles e 98% responderam que não. Temos que investir naquilo que vai agregar valor para o nosso cliente, não vamos correr atrás da computação na nuvem só porque é moda.

BDxpert Como está o crescimento do mercado de PLM?

Paulo Leal – Na América do Sul, o PLM está crescendo 10% ao ano e a Siemens cresce entre 25% e 30%. Os mercados mais maduros crescem mais em PLM do que em CAD porque as empresas já têm seu sistema de CAD 3D, seu CAM. No Brasil é diferente porque ainda temos muitas empresas usando CAD 2D.

BDxpert Como foi o desempenho da Siemens PLM em 2010 e quais são as perspectivas para 2011?

Paulo Leal – De 2009 para 2010, crescemos 25% na América do Sul, estamos crescendo mais que a média mundial e, em 2011, ano que para nós se encerra em setembro, a previsão é crescermos de 25% a 30%. A América do Sul sempre tem crescimento maior que o Brasil, mas 85% da nossa receita vêm do Brasil e 15% dos outros países da América do Sul: Argentina, Colômbia, Peru, Equador… Como esses mercados são menores que o Brasil é mais fácil aumentar o crescimento, mas o Brasil ainda é líder na região e nosso maior time está aqui.

 

Arturo Ortolo: Estamos investindo na capacitação das revendas

Arturo Ortola: Estamos investindo na capacitação das revendas e contratando novas

BDxpert O que há de mais importante no Solid Edge e o que traz de novo a versão ST4?

Paulo Leal – O ST4 é a confirmação do que foi o ST1, ST2, ST3. Hoje o ST4 consolida tudo aquilo que os nossos clientes querem receber, um software rápido, fácil de usar e, o que é mais importante, o Solid Edge é conhecido no mercado. Hoje quando você fala em solução de mercado para modelamento 3D todo cliente que está avaliando um software nessa categoria chama a Siemens PLM para avaliar o Solid Edge porque é um software que já se consolidou no mercado. É fácil de usar, tem interface intuitiva e já nasce na nossa matriz em português. Antigamente tínhamos que fazer localização do software no Brasil, agora ele já nasce em português. Isso mostra a importância que a Siemens PLM dá ao Brasil. Para nós isso é motivo de muito orgulho. A Siemens PLM nunca ignorou que existe um mercado que já usa outros CADs como SolidWorks, Inventor, mas nós criamos um software que conversa com todo mundo, se presta aos mais diversos tipos de aplicação. Com a tecnologia JT que foi inserida no ST4 o usuário pode pegar uma peça criada no Inventor outra no SolidWorks e fazer uma montagem dentro do Solid Edge editando os arquivos como se fossem nativos. Isso é um chamativo muito grande para o Solid Edge ST4. A tecnologia síncrona também desperta muito o interesse dos usuários. O Solid Edge nasceu para atender ao segmento de máquinas industriais, mas evoluiu e atraiu o interesse dos usuários em vários segmentos de mercado. A empresa quer fazer moldes procura o Solid Edge, quer fazer design procura o Solid Edge…

Dan Siqueira – Nós temos uma grande vantagem porque o Solid Edge é um software maduro e, hoje, com a tecnologia síncrona permite trabalhar com modelamento no 3D direto (desenho livre) e também da forma tradicional com modelamento paramétrico (modelos 3D com métrica). A tecnologia síncrona do Solid Edge não é só um novo conceito de modelamento 3D ela é baseada em um novo kernel matemático que foi adicionado ao motor Parasolid do Solid Edge e turbinou as suas ferramentas de modelamento 3D. A partir do Solid Edge ST3 a Siemens PLM pegou o melhor dos dois mundos – modelamento direto e modelamento paramétrico – e criou uma solução avançada de CAD híbrido. O usuário não precisa mudar de arquivo ou de ambiente para alternar os processos de modelamento 3D direto ou paramétrico. Ele tem a opção de desenvolver seu projeto com as ferramentas que achar melhor e mais produtivas.

BDxpert – Quais são as estratégias para o Solid Edge?

Dan Siqueira – Nós estamos fazendo uma campanha para divulgar as facilidades Solid Edge. Realizamos oito eventos em diversas cidades do Brasil e estão programados mais oito (dois no Brasil e seis em outros países da América do Sul nos quais a Siemens PLM atua). O objetivo é mostrar as vantagens da tecnologia síncrona, que é um novo paradigma no mercado de CAD. Tanto que nossos concorrentes estão anunciando tecnologias parecidas com a nossa. Isso só confirma que a combinação de modelamento 3D direto e paramétrico é uma tendência. Então nós estamos fazendo uma série de eventos “Get the Edge” que dão às pessoas a oportunidade de irem a um seminário, verificar o que é a tecnologia síncrona e, posteriormente experimentar o Solid Edge em um treinamento de oito horas. Além disso, durante o treinamento cedemos uma licença para que durante 30 dias o aluno possa aprofundar seus conhecimentos e, no final desses 30 dias, ele recebe um certificado.

BDxpert Quando vai ser o lançamento do Solid Edge ST4?

Paulo Leal – No dia 27 de outubro de 2011vamos fazer um grande evento de lançamento do ST4, e também do NX 8, do Tecnomatix 8 e do Teamcenter 9, que chegam em setembro. Vamos trazer pessoas importantes para participar do evento. Antigamente era difícil trazer alguém para participar dos nossos eventos hoje eles querem vir.

BDxpert Quais são as estratégias de vendas para o ST4?

Arturo Ortola – Estamos olhando muito para o mercado de vendas indiretas. É um mercado importante para o Solid Edge e para toda a linha Velocity. Estamos buscando novos parceiros. Hoje temos 13 revendas no Brasil e nos outros países da América do Sul em que atuamos temos 10 revendas e estamos assinando contratos com novas. Nós estamos investindo muito nas revendas do Brasil e dos outros países da América do Sul porque queremos que elas cresçam.    

www.plm.automation.siemens.com/pt_br

Compartilhe

Be Sociable, Share!

Comentar