Luiz Alberto Veiga: Uma vida dedicada ao design de automóveis
Postado em: 06 / 12 / 2012
A princípio um curso de 4 ou 5 anos em uma escola de design é suficiente para formar um designer de automóveis. Porém, para se formar um designer com conhecimento profundo sobre o design de automóveis é preciso muito mais. É preciso anos de prática e dedicação, muitas viagens e um olhar atento ao que acontece no design, na música, na arte e na fotografia.
Foi assim que se formou o designer Luiz Alberto Veiga, que a vida inteira desenhou automóveis em várias montadoras e nas últimas décadas ocupou vários cargos na Volkswagen até chegar a diretor de design da companhia para a América Latina, em abril de 2012.
Para você entender mais como se forma um designer do calibre de Luiz Alberto Veiga, veja a seguir, no relato do próprio Veiga, como se desenvolveu a carreira desse designer tão dedicado aos automóveis cuja história profissional se confunde com a própria a história indústria automobilística brasileira:
Nasci em São Paulo, em 1953, por acaso, pois meus pais sempre moraram em São Caetano do Sul, cidade da General Motors do Brasil, companhia na qual meu pai trabalhava desde que se casou com a minha mãe.
Portanto os automóveis sempre estiveram muito presentes em minha vida. Infância tranquila, sempre ligado nas atividades de meu pai, o senhor Luiz, que era desenhista dos bons. À noite ele trabalhava no pequeno escritório em casa e eu o acompanhava desde muito cedo, criando meus primeiros carros.
Outra forte influência foi meu tio Afonso, alemão, um ótimo mecânico. Sempre vinha à minha casa com os carrões americanos os quais conhecia profundamente, pois atuava como instrutor de mecânica nas revendas da GM. E assim foi o começo da minha vida. Cheiro de gasolina cercando toda a minha infância e o começo da adolescência. Com 10 anos de idade meu pai me levou ao Centro de Estilo da GM para uma visita e eu decidi naquele momento o que queria fazer na vida. O sonho de me tornar um designer só se realizaria muitos anos depois.
Saí da escola cedo, pois não gostava de estudar e comecei a trabalhar em 1968, entrando em um curso do Senai patrocinado pela GM como modelador técnico. Na Escola de Belas Artes de São Paulo (curso de pintura) e Fundação das Artes de São Caetano do Sul (regência), fui tomado pelo fervor das artes e praticava diariamente. Após o Senai na GM, em 1970, trabalhei como “Pastup” em uma pequena agência publicitária e após servir o Tiro de Guerra consegui um trabalho como ilustrador técnico, profissão que desempenhei por anos na GM e mais tarde na própria Volkswagen, de 1972 a 1977.
Minha adolescência foi muito louca, junto com meus amigos de São Caetano e das escolas de artes, tanto que um dia, pedi as contas na Volkswagen, largando um emprego até certo ponto “seguro” para me aventurar em uma viagem pelo Brasil. Mochila nas costas, violão no ombro e uma viagem que durou nove meses, morando em barracas, dormindo em praias desertas e casas de pescadores.
Esta viagem me garantiu uma vivência diferenciada e me proporcionou experiências que influenciaram muito minha vida. Depois da viagem, recuperado o trabalho como ilustrador e depois de mais alguns meses de festas e aventuras desbravadoras, resolvi me casar. Nanci, minha namorada de anos topou o novo desafio e em uma cerimônia simples no quintal da casa de minha mãe em São Caetano do Sul, nos unimos para sempre. Aí veio o primeiro filho, Demian e aí aconteceu…
Em 1979, por meio de um anúncio de jornal a Chrysler do Brasil procurava um designer de automóveis com experiência. É claro que não consegui o emprego, pois o chefe dos designers, Celso Lamas, logo percebeu que eu não tinha experiência e preferiu o outro designer, porém, notou meu potencial. Após três meses, recebi um telefonema do mesmo Celso solicitando uma reunião. A oportunidade enfim apareceu e o Celso decidiu apostar no meu potencial. Era tudo de que eu precisava, uma primeira chance.
O começo da história
Finalmente lá estava eu contratado por um estúdio de design de verdade. Na minha carteira: estilista de automóveis. A palavra “designer” apareceu só anos mais tarde e sob muita discussão. Hoje é usada até levianamente. O Celso Lamas me ensinou as técnicas de “sketches” americanas e junto com meu conhecimento sobre ilustração, minha técnica e minha atenção aos detalhes, aprendi com rapidez a sintetizar a mensagem gráfica de um automóvel.
Nessa época desenhava como um louco. Embora a Chrysler estivesse em decadência e a venda para a Volkswagen Caminhões fosse eminente. Após a venda da Chrysler para a Volkswagen Caminhões, em 1982, o estúdio mudou-se de São Bernardo para Santo André e após uma grande inundação, não só todas as instalações, como também quase todos meus desenhos guardados com carinho foram destruídos.
Ainda em Santo André realizei meu primeiro trabalho importante, desenhando o que veio a se materializar em um veículo de produção. O VW 6T, o primeiro caminhão leve da VW no Brasil, embora a cabine fosse original do LT alemão, adaptamos todos os periféricos e o trabalho de color & trim.
Mas em um belo dia, Celso reuniu toda a equipe e declarou: “O Estúdio vai fechar! Estão todos dispensados, menos o Veiga e nosso engenheiro de design”. Foi um choque para todos e deste dia em diante permaneci no estúdio vazio, fazendo pequenos trabalhos esporádicos e ilustrando sessões de aviação de nosso chefe de engenharia.
Um dia, um ex-tapeceiro veio me pedir ajuda em algumas propostas de bancos de couro, pois, o pessoal da VW Automóveis o tinha procurado devido ao seu grande conhecimento sobre couro. Foi minha segunda grande oportunidade de mostrar meu talento e não só preparei os sketches dos bancos, como também uma série de grandes ilustrações de exterior para uma série especial “Voyage couro” que nunca chegou a sair do papel.
O Senhor Hix, chefe de design da VW Brasil na época, veio pessoalmente à apresentação e ficou impressionado com o trabalho. Uma semana depois estava me instalando na minha nova mesa na VW, desta vez para trabalhar com carros.
Em 1984 estava de volta à VW agora como designer de automóveis. Após uma série de novas oportunidades bem aproveitadas e uma boa dose de coragem, chamei atenção do Dr. Schmidt. O principal chefe de engenharia da época, responsável pela construção do centro de engenharia no qual trabalhamos até hoje e pelo projeto de criação do Gol G1.
Após uma arriscada ação em que coloquei minha cabeça em risco, assumindo a finalização da pintura de um show car. O “Homem” me chamou em sua sala e perguntou: ”O Senhor fala inglês?”. – È claro que respondi que sim, mesmo que só falasse poucas palavras da língua dos “gringos”. – “Pois então o Senhor vai para os USA, acompanhar o “clinic test” do Voyage Fox em Fenix no Arizona.” – Minha primeira missão internacional estava definida e as portas do mundo novamente abertas para mim.
Começo da história 2
Daí a coisa deslanchou. Após o clinic test, em Fenix, em 1986, fui mandado à Alemanha para acompanhar e trabalhar junto com os designers alemães no projeto de um derivado Sedan para substituir o Voyage, irmão bem sucedido do Gol G1 que estava fazendo muito sucesso nos USA. Para mim tudo era novidade e o trabalho na Alemanha era um mundo novo de conhecimento e informações que eu absorvia com todos os poros do meu corpo.
Comunicava-me como podia, pois o alemão é uma língua muito difícil, mas mesmo assim nunca me faltou nada. Falar um idioma é uma coisa, se comunicar é outra. O projeto BX foi paralisado de um momento para o outro pelo menos para mim. Voltei ao Brasil às pressas com uma missão no mínimo esquisita. Desenhar um VW usando como base a plataforma de um Ford Escort! Imagina o susto!
Estava nascendo a Autolatina e lá fui eu novamente para os USA, desta vez para Detroit, a terra dos automóveis. Fui recebido no hotel por um senhor de terno no hall de um hotel chiquérrimo, que me deu as chaves de um monstruoso Sedan de 5 metros de comprimento, motor de 8 cilindros, som quadrifônico e poltronas imensas no lugar dos bancos dianteiros.
Em 1988 trabalhei em uma companhia fora da Ford, que se chamava Modem Engineering, um estúdio pequeno, mas muito moderno e com equipamentos que eu só imaginaria em filmes de ficção. A tarefa de criar o VW na plataforma de um Escort não era simples e o trabalho muito interessante. Eu tinha uma liberdade relativa para criar um “corpo” novo, porém alguns “hard points” limitavam bastante a proporção e a forma do modelo. Além disso, as negociações com a Alemanha eram difíceis, pois a Matriz não via com bons olhos a junção das empresas.
Eu na minha ingenuidade total, não estava nem ai para os problemas. Aprendia e me divertia o máximo possível, além de dirigir aquela maquina fantástica para todas as direções ao redor de Detroit. Descobria reuniões de Hot Rods, rádios de rock, jazz de qualidade e maravilhosas oportunidades nunca antes imaginadas por mim. O projeto de nome “Spruce” também foi paralisado, pois a VW com razão, não aceitava o novo carro VW usasse a plataforma do Escort da época, já que a Ford estava com o novo Escort já em fase avançada.
Desta vez meu destino seria a Itália, Torino. No estúdio da Guia Design, voltava ao velho mundo em grande estilo. Trabalhando em um projeto secretíssimo para duas montadoras e desfrutando de coisas que só a Itália pode proporcionar. Arte, arquitetura, viagens fantásticas, tudo muito bom para um garoto que fugiu da escola e não tinha nem o diploma do ginásio.
Autolatina
A fase da Autolatina foi bastante tumultuada para a marca Volkswagen no Brasil, porém para a área de design foi muito rica e criativa, pois tínhamos desafios a vencer. Nesta época tínhamos um chefe de design alemão. O Sr Winkler, que desempenhou muito bem seu papel de protetor do DNA VW durante a joint venture, e me ensinou muito não só sobre design, mas também como sobreviver à política interna de uma multinacional como a VW.
Na Itália a briga era feia, pois o DNA VW começou a desaparecer rapidamente já que os designers da Ford estavam na competição para desenhar o Logus e o Pointer. O Winker e eu tínhamos nossa proposta que desenvolvemos no porão da Guia, contra a vontade do time da Ford. Porém, na hora da escolha valeu a decisão da diretoria da VW, que foi magistralmente guiada pela habilidade de Winkler, que “quebrou as pernas” da equipe da concorrente.
Depois da decisão final, tudo foi mais fácil para nós e só restou realizar com todo carinho o desenvolvimento do modelo 1 para 1 na melhor qualidade possível, é claro que dentro das possibilidades do nosso estúdio improvisado, que no verão chegava a temperaturas absurdas. Para se ter uma ideia nesta época não existiam os computadores pessoais, nem os telefones celulares e a gente se comunicava via Fax, cada um devidamente autorizado pelo chefe do estúdio.
No mais a estadia na Itália foi muito boa para mim, a cultura, a arte e o design são naturais do italiano, sem considerar o modo de vida do italiano, as características similares às dos nosso costumes no dia a dia. As viagens sem destino nos finais de semana chegavam a 1000 Km e não só conheci a Itália muito bem como um pouco da França, Suíça, Áustria e Espanha.
Depois da metade do projeto, quando os modelos de design já estavam aprovados, muitas viagens à Espanha foram feitas, onde as grandes ferramentas de injeção foram feitas e também ao Sul da Alemanha, onde os primeiros modelos de controle de dados matemáticos foram desenvolvidos. A quantidade de técnicos modeladores e técnicos envolvidos no projeto era imensa e, devido à peculiaridade da joint venture, conheci muita gente competente dos USA, Inglaterra, Alemanha e Itália.
Paralelamente ao trabalho feito na Itália para a plataforma classe A, era desenvolvido na Alemanha um trabalho na plataforma B, o Santana Facelift e o Ford Versalhes, usando desta vez a plataforma do Santana.
Tudo estava indo bem, especialmente para o design no Brasil que se desenvolveu muito, com o khowhow de tantos projetos e investimentos que elevaram o estúdio do Brasil a níveis internacionais. Até que a Ford ameaçou por a mão na nossa galinha dos ovos de ouro, o Gol! Ai a coisa desandou… A Autolatina se desfez e voltamos a ser Volkswagen.
Pós-Autolatina
Com o término da Autolatina, em 1994, recomeçou nosso contato mais profundo com a matriz da VW na Alemanha. Nesta época o chefe de design da VW, era o Sr. Warkus, um grande ídolo de todos na VW. Grande criador dos fantásticos Audis e como viemos depois a conhecer, líder muito competente. Adotou o estúdio da VW Brasil como um de seus filhos mais queridos. O famoso Gol “Bolinha” e seus derivados que iniciamos com o término da Autolatina, começaram a dar frutos, novos modelos com grandes melhorias tanto em design quanto em ergonomia e tecnologia.
Em meados dos anos 90 morei pela primeira vez com minha família na Alemanha, Wolfsburg. Foi uma grande aventura e uma grande oportunidade para minha família, dividir com minha mulher e meus filhos as belezas e histórias do velho mundo viajando por todos os cantos da Europa, usando uma T4 (Kombi alemã de última geração) que acomodava todos com muito conforto. Além disso, meus filhos foram para a escola, como qualquer garoto alemão e vivenciaram o dia a dia de Wolfsburg.
Como base fixa em Wolfsburg, minha casa era uma espécie de embaixada brasileira na cidade, pois devido à grande quantidade de projetos, muitos jovens modeladores, designers e engenheiros tiveram a oportunidade de se internacionalizar, absorvendo técnicas de desenho e processos de design. Nessa época desenhei e pintei muito, já que tinha um pequeno estúdio em casa e a oportunidade de visitar diversos museus e conhecer designers e artistas europeus me inspirava muito.
Após 10 meses de “escola” em Wolfsburg voltei ao Brasil recomendado pelo Sr. Warkus para assumir o papel de chefe de design, função na qual acabei me adaptando rapidamente ao novo posto. A equipe era forte e preparada para qualquer desafio e as relações com a Alemanha estavam bem sedimentadas. Era hora de dar um passo arrojado.
Com o sucesso da geração 3 do Gol, deixando o carro mais elegante. O desejo de criar um carro que atendesse às necessidades do Brasil, assim como tinha acontecido antes com o Gol, trazendo um novo conceito às ruas do Brasil, nos levou a desenvolver o projeto do Fox. O primeiro carro criado no Brasil e exportado para a Alemanha.
Tempos modernos
O Fox foi o primeiro projeto do qual participei que a proposta do veículo não veio de “cima para baixo”, foi desenvolvido pelo design com a ajuda de alguns poucos “terroristas” em uma longa aventura para criar um carro que refletisse nossas ideias.
Aos poucos fomos materializando os conceitos em forma de design e ergonomia, que são os diferenciais do veículo. Transformamos desenhos frios em sketches quentes. Com este material em mãos, vendemos a ideia ao nosso diretor, Sr. Hirtreiter, fanático por automóveis, que por sua vez, vendeu a ideia para o Dr. Demel, presidente da VW Brasil na época.
A parte difícil seria vender o projeto na Alemanha, já que não era um projeto que partiu da matriz, mas para isso também tínhamos uma estratégia que foi vendida ao Sr. Warkus, que abraçou o projeto como se fosse dele. Tudo ficou mais fácil, tínhamos o chefe de design do Konzern VW ao nosso lado, porém, aprovar o projeto final do “bicho” ainda levaria alguns anos.
Mas para nossa surpresa, após a aprovação um novo fato veio à tona: O carro seria vendido na Alemanha. E assim foi. No lançamento do carro ainda preparamos três carros show, sendo um deles o Crossfox que muito elogiado por todos e acabou indo para produção… mais uma bola na rede! O Crossfox foi produzido em tempo recorde e é um dos carros mais desejados do Brasil, além de servir de inspiração para várias versões da matriz e da concorrência.
No plano pessoal essa foi uma fase muito rica, voltei a pintar, compor músicas, fotografar, coisas que tinha largado por causa da correria com as viagens. Os novos programas digitais e os poderosos computadores abriram para mim um novo leque de divertimento visual e musical ao qual me entreguei de corpo e alma. Por hobby comecei a trabalhar com programas de modelagem 3D e sem pretensão, em 2003, participei de um concurso da revista americana, Motor Trend. Resultado: primeiro lugar!
Porém, meu maior orgulho sempre foi meu time, composto por designers brilhantes, modeladores muito competentes, técnicos muito especiais, com um knowhow invejável e uma equipe de apoio, pau para toda obra. Gente competente, engajada e confiável, tudo o que qualquer companhia gostaria de ter.
Com essa mesma equipe criamos o concurso de design VW, com o qual “pescamos” de todas as universidades de design do Brasil os mais talentosos estudantes de design, dando uma base para treina-los e aproveita-los da melhor forma possível em projetos no Brasil e no exterior.
Com essa mesma equipe criamos o concurso de design VW, com o qual “pescamos” de todas as universidades de design do Brasil os mais talentosos estudantes de design, dando uma base para treina-los e aproveita-los da melhor forma possível em projetos no Brasil e no exterior.
A vida na Alemanha
Em 2004 fui convidado para compor e inaugurar o time do novíssimo estúdio avançado de design da Volkswagen em Potsdam. Uma cidade rica em história, arquitetura e belezas naturais, tanto que a realeza da antiga Prussia escolheu o local para construir seus castelos.
Descobrir está região foi um exercício muito agradável e inspirador. Uma área que no passado fez parte da antiga DDR, ou Alemanha Oriental, com sua história que não foi soterrada pela modernidade ocidental. O estúdio em Potsdam era tudo o que um designer podia sonhar. Super bem aparelhado, com um time de primeira e muito bem localizado em frente a um maravilhoso lago.
Comecei imediatamente a fotografar a cidade e me concentrei no tema Grafiti (que dizem começou em Berlin), derivando deste tema um trabalho muito rico. Além do mais, inspirado pelo ambiente, minhas experiências com pintura e musica floresceram novamente. Nossa casa em frente a um grande parque chamado Cecilianhoff era um sonho, com espaço inclusive para um grande estúdio de pintura, música e oficina para todas as atividades.
Minha estadia mais uma vez abriu as portas para diversos profissionais brasileiros que se estabeleceram novamente em Wolfsbrug, na Alemanha, com o “canto brasileiro” trabalhando integrado à VW Alemanha e reconhecido como um grupo, ágil, amigo e competente.
A vida na Alemanha é bastante complicada para os brasileiros, pois a cultura é muito diferente da nossa. O segredo é se concentrar no lado bom e ignorar as diferenças que nos afastam de nossa terra natal. A vida é boa, há muitos lugares para conhecer, comidas e bebidas, delicias e o milagre da vida se renovando a cada dia. Basta ter os olhos atentos, ter vontade de descobrir e estar aberto a novas experiências.
De volta à terrinha
Em 2010, depois de cinco anos vivendo na Alemanha e de muitos projetos realizados tais como o redesign da família Fox e outros ainda secretos, resolvemos voltar ao Brasil. Voltar à nossa terrinha, tão problemática, mas rica não só em oportunidades, como em potencial de criatividade, luz, texturas e uma estética e cultura multifacetada e caótica que tem tudo a ver com a arte, minha grande paixão depois dos automóveis.
No Brasil, com muito mais atividades administrativas e de gestão, a utilização do tempo se tornou o grande desafio e em termos de atividades paralelas somente a fotografia acaba se tornando viável. Morando em Santos a Nanci e eu ainda estamos nos readaptando ao ritmo alucinante da vida brasileira, e tentando extrair dela as coisas boas e tentando sempre melhorar o que for possível.
A vivência de cinco anos na Alemanha mudou não só a minha visão de trabalho, mas também de vida em sociedade. Na Europa, e especialmente na Alemanha, o conceito de vida em sociedade, a organização, a limpeza, a maneira como o cidadão respeita o próximo, está muito próxima do ideal. Porém, lá também sofremos bastante com a falta de calor humano, preconceito e barreiras culturais.
Por outro lado, no Brasil, com sua diversidade cultural, suas riquezas naturais e oportunidades, há muito que se fazer. E espero que eu possa de alguma maneira, com meus conhecimentos e habilidades ajudar para que exista uma melhora de vida não só para mim e minha família, mas também para a sociedade. O futuro está em aberto e com muito a ser feito.