Aristides reinventa guitarra e usa Creo para criar e testar design
Postado em: 05 / 03 / 2014
Maria Edicy Moreira
Paul McCartney, Keith Richards e Jimi Hendrix, conhecidos pelas suas guitarras lendárias, despertaram no então menino inglês, Aristides Poort, a paixão pela música a ponto de, aos 12 anos, ele se sentir motivado a aprender o instrumento de seus ídolos, a guitarra. Apesar da paixão pela música, a vida do garoto tomou outro rumo e ele foi estudar engenharia civil na Universidade Técnica de Delft, na Holanda.
“Era um ambiente muito inspirador no qual trabalhávamos em projetos futuristas para melhorar a sociedade”, conta Poort. Porém, isso não significa que o hoje engenheiro tenha se desligado totalmente das guitarras e do mundo da música. Pelo contrário, após a formatura, ele usou suas habilidades de engenheiro para desenvolver a guitarra perfeita. As pesquisas começaram em 1995 e o objetivo era desenvolver um novo material com propriedades acústicas perfeitas, que superasse a madeira usada desde sempre na construção de instrumentos de corda.
A guitarra dos sonhos de Poort teria um som perfeito e mais sustentação nas notas. Seria elétrica, mas reproduziria o som de um violino refinado. Você pode pensar que essas qualidades só poderiam ser atingidas com circuitos eletrônicos, mas Poort inventou uma guitarra inovadora que transmite um som doce e suave mesmo desligada e pouco ruído quando tem as cordas tocadas.
Veja no vídeo acima a guitarra 010 a primeira idealizada por Aristides Poort, que reinventou o instrumento
Trabalho em equipe
Com muitas ideias na cabeça Poort voltou à Universidade Técnica para desenvolver seu instrumento visionário. Começou observando a estrutura celular da madeira de alta qualidade de que são feitas todas as guitarras refinadas e outros instrumentos de corda. Ele percebeu que a madeira influencia o som e define como a guitarra ressoa e sustenta as notas. Também percebeu que a madeira é capaz de ressoar em apenas duas dimensões devido à sua estrutura de fibra rígida e não há como mudá-la.
Então o engenheiro sonhador e sua equipe estudaram a madeira para descobrir em nível celular o que acontecia com a onda de som dentro do mais tradicional material usado na construção de instrumentos musicais. O estudo da estrutura celular de diferentes tipos de madeira de alta qualidade considerou as diferenças mútuas entre elas e assim foi possível projetar a estrutura celular ideal.
“Logo ficou claro que o novo material a ser desenvolvido teria propriedades acústicas que ninguém havia pensado antes”, afirma Poort. Então ele sua equipe repensaram sobre a madeira e criaram um novo material sem fibra que denominaram Arium. “O Arium não tem fibras restringentes, por isso, consegue ressoar em qualquer lugar. Tem características sônicas similares àquelas encontradas em um violino Stradivarius do século 18”, explica Poort.
O novo material desenvolvido por Aristides Poort e uma equipe de engenheiros e cientistas holandeses especializados em acústica, em colaboração com a Universidade Técnica de Delft, na Holanda, tem estrutura celular única que confere às guitarras Aristides uma qualidade sem precedentes na sustentação das notas e na ressonância.
Criatividade
Depois de criar o Arium, Poort percebeu que a inovação ainda não era suficiente para construir a guitarra dos seus sonhos. Convocou o designer freelancer Nout van Heumen para transformar sua ideia em um produto real, utilizando como instrumento de trabalho o software de design Creo da PTC. O trabalho de van Neumen começou a partir dos esboços de um projeto conceito em 3D criado pelo estúdio de design Bouwmeester van Rens e as especificações de Aristides.
Heumen criou as principais partes da guitarra até os afinadores usando o PTC Creo e sua tecnologia de modelamento paramétrico. Assim o designer tinha facilidades para mudar a escala, o ângulo do braço da guitarra e todo o design podendo atualizar todas as mudanças automaticamente. O perfil do braço da guitarra, por exemplo, foi criado como uma superfície paramétrica capaz de mudar junto com a escala e a largura do braço.
“Isso nos permitiu testar mais conceitos de design e ajudou a reduzir o número de protótipos físicos acelerando o desenvolvimento do projeto. A peça mais impressionante da guitarra é a articulação do braço. A maior parte dos braços de guitarras é parafusada ao corpo, mas as guitarras Aristides combinam as duas partes em uma só. A transição é muito suave, quase invisível”, conta van Heumen.
Com o modelo da guitarra totalmente detalhado com o apoio da tecnologia paramétrica do software PTC Creo, a equipe de Aristides Poort criou rapidamente um protótipo físico e testou com alguns guitarristas para que eles sentissem a ergonomia e a facilidade de tocar. Com o feedback dos guitarristas em mãos, a escala e o ângulo do braço foram mudados para otimizar o design e a ergonomia. “Com a ajuda do software PTC Creo as mudanças foram muito rápidas”, afirma van Heumen.
Também ele usou o PTC Creo para desenhar os moldes de alumínio e as ferramentas para fabricar a guitarra. Ele explica que o corpo, o braço e o cabeçote da guitarra são uma peça única. Como se usa um processo de fabricação por fundição era preciso ter uma linha de partição contínua e oculta, além de um projeto que fosse ergonômico e atraente.
“As tecnologias de criação de superfície e curvatura do PTC Creo garantiram uma transição de superfícies contínua, dando suporte à continuidade de curvatura C2, mas permitindo a mudança brusca na inclinação necessária entre o corpo e o braço”, explica Heumen.
A meta de Aristides Poort era criar uma guitarra com linhas muito limpas e um mínimo de inconveniência mecânica equilibrando cuidadosamente estética, ergonomia e acústica. Assim ele e sua equipe aperfeiçoaram a guitarra ao fabricar o corpo e o braço do instrumento em uma peça única, garantindo que a guitarra vibrasse com máxima intensidade e permitisse que cada nota ou acorde se desfizesse bem devagar e continuamente, transmitindo uma sustentação calma de notas.
Ergonomicamente a equipe de Aristides otimizou o design da guitarra para proporcionar o máximo prazer em tocar. Foram trabalhadas desde a transição suave do braço ao redor da borda do traste superior até a superfície fosca do corpo e do braço da guitarra, evitando que mãos suadas percam o controle.
A linha de guitarras Aristides Instruments começou com a Aristides 010, o primeiro modelo de uma série de guitarras da marca que foi produzido como uma peça única de corpo e braço moldados integralmente em Arium, uma placa de ébano de alto nível com camada interna de pérola e uma camada fina de prata/alumínio ou acabamento em preto fosco.
Desde o lançamento, a Aristides O1O recebeu críticas muito positivas e fãs leais na América do Norte, Japão e Europa, inclusive de Adrian Vandenberg, que tocou com David Coverdale e a banda Whitesnake. Para ele “tocar uma Aristides é como tocar as teclas de um piano de cauda Steinway”. Hoje, além da linha Aristides 010, a Aristides Instruments tem outras linhas de guitarras como a Aristides 020, a Aristides 050 e a Aristides 070 com vários modelos.
Arium
Foram 15 anos de investigação até chegar ao Arium um tonematerial com características acústicas únicas e surpreendentes, capaz de reproduzir as ondas sonoras em três dimensões sem qualquer interrupção. O Arium é uma mistura complexa de diferentes materiais produzido na fábrica da Aristides Instruments pelos luthiers da casa. O novo material permite construir as guitarras com a rigidez certa nos lugares certos.
A estrutura celular do Arium fornece uma grande ressonância e uma sustentação de notas ainda mais perfeita, pois vibra tridimensionalmente, prolongando consideravelmente a sustentação das notas e aumentando o volume do som acústico. Isso faz com que após cada impacto nas cordas, a guitarra vibre com intensidade máxima e cada tom ou acorde desapareça muito lentamente e de forma contínua.
A construção das guitarras
O processo completo de construção do corpo das guitarras Aristides é feito manualmente usando um estampo de alumínio para criar a casca exterior e definir as formas detalhadas das guitarras. Um luthier leva 8 horas para criar corpo da guitarra. Durante o dia, ele vai criando diferentes camadas até chegar à camada externa final. Resumindo, primeiro é criada a guitarra oca, depois seu núcleo é preenchido com o Arium para obter um corpo sólido. O preenchimento é feito com uma bomba pneumática personalizada criada para facilitar o dia a dia dos luthiers e permitir um enchimento consistente.
A base das guitarras é construída em duas etapas: Primeiro é criado um exoesqueleto com uma camada externa composta por diferentes acabamentos compostos por várias camadas de fibra de vidro e de carbono. O exoesqueleto da guitarra é oco para obter a rigidez necessária. O grande desafio é fazer com que a guitarra seja rígida, mas não muito dura.
O efeito da rigidez nas propriedades acústicas torna um desafio encontrar a combinação certa entre tom, sustentação de notas e estabilidade. Poort explica que uma guitarra com corpo muito rígido terá grande sustentação de notas, mas não terá o calor no tom que ele e sua equipe tanto buscam.
Na segunda etapa é construído o núcleo da guitarra utilizando o Arium, um material com grandes propriedades tonais como: som claro, boa sustentação de notas e personalidade de tom própria. O Arium é feito de diferentes resinas e aditivos sólidos que tornam o material relativamente leve e líquido que é injetado no exoesqueleto. Ou seja, o Arium é uma mistura de resinas e partículas que juntos criam milhões de câmaras de som minúsculas que se coadunam livremente em três dimensões permitindo construir uma guitarra muito estável.
Para saber mais sobre as guitarras Aristides Instruments acesse: www.aritidesinstruments.com