Beleza na embalagem é VALOR, não futilidade!
Postado em: 16 / 09 / 2010
Fábio Mestriner
Por incrível que pareça ainda existem pessoas que acreditam que a beleza estética é algo que pertence ao universo da vaidade e das coisas fúteis não representando em si um valor autêntico, mas algo, sob muitos aspectos, negativo em sua essência.
Não haveria problema algum nesse tipo de visão, se ela não fosse compartilhada e aceita por profissionais responsáveis por conduzir seus produtos em um mercado no qual a beleza desempenha um papel preponderante.
Profissionais e especialistas não podem ter visão semelhante à dos leigos que são facilmente levados pelo senso comum e pelo moralismo virtuoso que nega o valor da beleza por considerá-la algo distante dos verdadeiros valores morais da sociedade.
Ao contrário do que acreditam os leigos, uma pesquisa do Comitê de Estudos Estratégicos da Abre (Associação Brasileira de Embalgem), revelou que a beleza estética do design é o principal fator de atração e convencimento que ela dispõe para conquistar o consumidor.
A pesquisa e os estudos realizados pelo Comitê foram publicados em um documento intitulado: “Diretrizes Estratégicas para a Indústria de Embalagem” cujo objetivo é orientar os associados da entidade a proceder de forma condizente com a importância que cada aspecto tem para o desempenho de seus negócios.
O foco do estudo era entender como é composto o valor da embalagem, como ele se manifesta e como é percebido pelos vários elos da cadeia. A conclusão indicou que o valor da embalagem, é “aquele que o consumidor percebe e aceita pagar”.
Concluiu também que o consumidor não separa a embalagem do seu conteúdo e que para ele, os dois constituem uma única entidade, indivisível. A beleza estética é um componente fundamental desta entidade e dela não pode ser excluída.
A embalagem interage com o consumidor no ponto de venda em confronto direto com suas concorrentes. Nessa situação, a embalagem precisa atrair o consumidor, conquistar sua atenção, despertar seu desejo de compra e conquistar sua preferência, em poucos segundos e, não pode, de forma alguma, ser feia ou inexpressiva para conseguir isso.
O feio vende-se mal, conforme descobriu em seus primórdios a revolução industrial, que viu a abundância de produtos introduzir a competição de mercado. Nesse cenário, novo até então, pois antes da indústria os produtos eram feitos à mão em número muito reduzido. A beleza surgiu como um fator capaz de encantar o consumidor tornando os produtos mais desejáveis.
A partir dessa constatação produtos mais bonitos e atraentes dominaram o mercado impondo sua estética aos seguidores que aderiram à nova linguagem ajudando assim a consolidar o modelo que temos hoje.
Quando falamos em beleza das embalagens estamos, na verdade, falando de forma, cor e imagem. A beleza, portanto, é um componente fundamental no desempenho competitivo, um valor que o consumidor reconhece e que faz com que ele aceite pagar mais por um produto que traz essas características.
Por isso, os profissionais responsáveis pelas embalagens devem visitar constantemente o ponto de venda e verificar como estão posicionados seus produtos frente à concorrência. É preciso dirigir a si mesmo de frente para as gôndolas, a seguinte pergunta: “As embalagens dos meus produtos são inferiores às embalagens dos meus concorrentes?”.
Se ao responder de forma sincera a esta pergunta, a resposta for positiva, você está diante de um problema/oportunidade. Problema, se essa situação permanecer. Pois, como o consumidor não separa a embalagem de seu conteúdo, para ele se a embalagem é inferior, o produto também é. Nesse caso, sua única alternativa é vender mais barato.
Oportunidade, se ao constatar esta situação você decidir tornar suas embalagens mais bonitas e atraentes que as da concorrência, afinal a beleza é um valor que o consumidor reconhece e as empresas conscientes disso podem fazer com que ela trabalhe a favor de seus produtos.
Como diria Vinícius de Moraes: As embalagens feias que me perdoem, mas a beleza é fundamental.
Fabio Mestriner é prof. coord. do Núcleo de Estudos da Embalagem ESPM; prof. da Pós em Engenharia de Embalagem da Escola de Engenharia Mauá; coord. do Comitê de Estudos Estratégicos da Abre e autor de: Design de Embalagem Curso Avançado e Gestão Estratégica de Embalagem.
Para saber mais sobre o trabalho de Marc Rosen visite http://tiny.cc/xs446
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Comentários (2)
Não é à toa que tenho 2 livros do mestre. Excelente artigo já dei um RT no twitter.
Eu tenho filhos e por isso acabo tendo muito contato com embalagens de brinquedo. Percebo que, no sentido de atrair valor ao seus produtos, as empresas lançam mão de muitos recursos. Penso da usabilidade desse material (plástico e papel) que acabam indo para o lixo simplesmente para vender melhor. Acredito realmente que o design agrege valor, mas será esse o melhor argumento? Será que o melhor não seria o inverso? Porque tantos materiais totalmente descartáveis nas embalagens? Porque não um design mais consciente de um ponto de vista ambiental? Há tanto acúmulo em tudo, tanto descarte, tanta propaganda inútil e desnecessária, simplesmente para agregar valor aos produtos. E quando nos damos conta, é simplesmente mais um monte de lixo…