Design carioca ou design paulista?

Postado em: 21 / 03 / 2011

Sylvio Ulhôa Cintra Filho

Nota da redeção: Sylvio Ulhôa Cintra Filho, professor e designer, titular do escritório de design que leva seu nome é o novo colunista do BDxpert.com.

Seja bem-vindo, Sylvio! Veja abaixo seu primeiro artigo:

Sylvio de Ulhôa Cintra Filho

Recentemente, o público pôde ler na Internet alguns depoimentos de designers cariocas em que, com um justificado ufanismo, tentavam definir o próprio design. Em todos os depoimentos, podia-se ler o enaltecimento da descontração, da liberdade e da amizade, da forma alegre de viver a vida: atribuição que os cariocas acham transparecer em seu design de objetos do cotidiano da cidade maravilhosa.

Piso de São Paulo

Piso de Copacabana

Curioso com esses depoimentos, procurei na mesma Internet o design paulista ou mais especificamente, o design paulistano. Duas linhas de respostas me surpreenderam. A primeira entendeu design paulista como a formalização de objetos ligados à odontologia, à medicina, ao conforto ambiental, aos ambientes tecnológicos da casa como a cozinha e o banheiro.

A segunda linha de respostas sobre o design paulista o define como uma atitude em relação à criação de objetos utilitários como um cabideiro, com intencional equívoco semântico, ou objetos com a atitude de se apropriar do lixo em uma evidente crítica ao consumismo exagerado de nossa época. Há ainda o design mutante, em que estantes se transformam em bandejas, e o humor em chamar de iguais objetos semelhantes, (estante bis) ou a semelhança com objetos quase iguais.

A comparação me fez imprimir as duas marcas:

De um lado as curvas do piso de Copacabana revelando a descontração e a amizade dos cariocas nos depoimentos dos designers do Rio. Do outro a geometria dura e construtiva do piso de São Paulo, que traduz igualmente os comentários que são comumente feitos sobre a racionalidade e a seriedade dos paulistas e paulistanos.

Na verdade, esses pisos revelam o mesmo conteúdo: o homem desenhando o seu mundo, criticando sua época e tentando, em cada objeto, fazer o mundo melhor, seja para o lazer, para o trabalho, para a habitação, para a educação, para a saúde ou para a segurança. Design carioca? Design paulista?

Não, simplesmente design, uma resposta de comunicação dos objetos e das mensagens visuais do homem e da sociedade, que são sempre iguais e sempre diferentes, vivendo a vida em suas dimensões.

Sylvio de Ulhôa Cintra Filho é professor e designer, titular do escritório que leva seu nome.

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