São Paulo na visão de arquitetos e designers vai a Milão
Postado em: 12 / 04 / 2011
Maria Edicy Moreira
Quem visitar o Palazzo Giureconsulti Affari, no evento Brazil S/A, que acontece em Milão no período de 12 a 17 de abril de 2011, poderá conhecer as “Bandeias de São Paulo” criações exclusivas de 20 profissionais renomados, arquitetos e designers de interiores paulistanos que retrataram como vêem São Paulo e como a cidade influencia seu trabalho. A exposição acontece no mesmo período do Salão do Móvel, principal evento mundial de design de móveis, produtos para cozinha, banheiro, entre outros.
A iniciativa é da Associação Alameda Gabriel, por meio do projeto Gabriel Brasil Design. “A Alameda Gabriel Monteiro da Silva (reduto das lojas de móveis e objetos de decoração de alto luxo de São Paulo) vai homenagear a capital paulista, já que ela representa a cidade e é a principal referência do design e da decoração no Brasil”, afirma o designer e curador da exposição Alvaro Guillermo. A exposição conta com patrocínio das empresas Arthur Decor, Breton Actual, Saccaro e Segatto, que têm lojas na Gabriel.
O arquiteto Oscar Niemeyer é homenageado com seus famosos desenhos arquitetônicos, sinuosos e sensuais. Participam da exposição os escritórios dos profissionais Alvaro Guillermo; Consuelo Jorge; Eurico Guedes e Paulo Marcelo; Fernanda Marques; Gerson Dutra de Sá e Ana Lucia Salama; Isay Weinfeld; Joia Bergamo; Silvio, Ieda e Carina Korman; Leonardo Junqueira; Marí Aní Oglouyan e Rubens Ascoli; Moema Wertheimer Arquitetura; Olegário de Sá e Gil Cioni; Oscar Mikail; Patricia Anastassiadis; Rogerio Perez; Studio Arthur Casas; Studio MKT2- Márcio Kogan; Sueli Adorni e Triptyque.
Cada profissional criou uma grande bandeira, mostrando por meio de fotos e desenhos sua visão única da cidade. Um depoimento, de autoria própria, explica o tema escolhido, em português, italiano e inglês. “A ideia do projeto é mostrar que cada profissional também é um empreendedor cultural e que existe nesta relação cidade-profissional uma interferência mútua e constante”, explica Guillermo.
A bandeira faz, propositadamente, referência aos estandartes usados pelos Bandeirantes (daí o nome da mostra), que fizeram expedições para desbravar os sertões a partir da vila de São Paulo, na metade do século 17.
Os temas são os mais diversos. As bandeiras trazem referências da influência do modernismo, da misturas de etnias, os prédios históricos, o grafite, o concretismo, a verticalidade que nos obriga a olhar para cima, o corre-corre e o trânsito que deixa todos nervosos, a migração de todas as partes do mundo e do Brasil, a solidão da cidade grande, os designers ícones do móvel brasileiro.
Na abertura, bandeiras explicam o conceito da exposição e como as lojas se envolveram na construção da cultura da cidade, tornando a alameda uma referência na área. Na saída, outra bandeira com desenhos em branco ficará à disposição do público para interferências.
Alameda Gabriel Monteiro da Silva
A alameda está para a decoração assim como a badalada rua Oscar Freire está para a moda. As maiores e melhores marcas brasileiras e internacionais para a casa têm loja neste endereço que hoje é referência internacional do segmento de decoração e design. Esse movimento começou no fim da década de 70, quando algumas galerias de arte se fixaram na alameda. As lojas de decoração vieram logo depois, atraídas pelo público consumidor dessas galerias.
O projeto Gabriel Brasil Design é uma iniciativa da Associação Alameda Gabriel que tem como objetivo promover ações cooperadas, entre as lojas, parceiros e profissionais especificadores de produtos. A primeira ação é um programa de relacionamento, que será lançado durante a exposição “Bandeiras de São Paulo”. A mostra é itinerante e será apresentada em São Paulo após o evento de Milão.
Oscar Niemeyer
“Não é o ângulo reto que me atrai. Nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu País, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, nas nuvens do céu, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o Universo – o Universo curvo de Einstein…” “De um traço nasce a arquitetura. E quando ele é bonito e cria surpresa, ela pode atingir, sendo bem conduzida, o nível superior de uma obra de arte.”
Consuelo Jorge – “São Paulo me ‘Re-Inspira”
O Bandeirante saiu de São Paulo carregando o mundo novo sertão adentro. Eu fiz o caminho inverso. Vim de lá encantada, provocada, instigada pela imensidão dessa cidade, imensidão geográfica, populacional, cultural. São Paulo é um mundo! Tenho que confessar que depois de vinte anos essa imensidão ainda me assusta. Assusta e atrai. Não sou daqui, meu primeiro olhar sobre essa cidade foi de estrangeira, e que se conserve assim para que eu ainda veja a beleza desse lugar, de suas pessoas.
Não quero que essa cidade se fixe na minha retina, ou nos meus ouvidos, para que eu sempre tenha sobre ela um sentido novo, aberto para a sua novidade constante. São Paulo me inspira! Na sua paleta de cores, ainda que restrita, nas suas formas variadas e brutas, na sua luz que falta no dia e sobra na noite, paradoxo. Mas de tudo, tudo o que de fato, profundamente mais me inspira é a sua dificuldade. São Paulo é difícil nas suas qualidades essenciais: na sua imensidão, na sua diversidade, na sua pressa. Cada paulistano, natural ou “autonaturalizado” tem dela sua parcela de oportunidade e também de dificuldade, ninguém pode negar essa democracia. São Paulo é difícil. São Paulo me inspira!
Eurico Guedes e Paulo Marcelo – “São Paulo de todos, Brasil”
São Paulo inspira e propõe a busca por novas soluções, seja no verde cercado por grandes avenidas e prédios do Ibirapuera ou em uma esquina de praça de bairro. Na grandeza dos casarões da Avenida Paulista ou na sofisticação dos espigões da Avenida Luis Carlos Berrini, encontramos a inspiração que nos move a cada dia. Trabalhar em São Paulo é sempre buscar novas idéias para oferecer conforto e beleza, em uma grande metrópole que às vezes pode até ser desumana com seus moradores.
Fernanda Marques – “Os Arquitetos Designers”
O design brasileiro, como prática e conhecimento, deve muito a cidade de São Paulo. Pioneiros e desbravadores, como foram os bandeirantes ao seu tempo, arquitetos e designers em atividade na metrópole – sejam eles paulistanos ou não – têm colaborado para fazer do design uma disciplina específica e respeitada, dentro e fora do território nacional. Um dos precursores do moderno design brasileiro, Flávio de Carvalho, com sua revolucionária cadeira de tiras de couro, é o primeiro nome que me vem à mente ao rememorar essa trajetória. Em um segundo momento, Paulo Mendes da Rocha, meu professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e autor da sensacional Paulistano, é outro nome referencial. Responsáveis diretos pelo reconhecimento da capacidade do design em agregar valor aos nossos produtos e de oferecer melhor qualidade de vida a seus consumidores, Fernando e Humberto Campana (este um advogado, apaixonado por arquitetura) são herdeiros diretos desta tradição. E, por assimilar do artesanato ao universo do objeto produzido em série, a Cadeira Vermelha, é para mim uma de suas mais notáveis contribuições.
Neste contexto, não me causa espanto que o Museu da Casa Brasileira, a primeira instituição dedicada à preservação da memória do design brasileiro, tenha seu endereço na cidade. Não por acaso, a poucas quadras da Alameda Gabriel Monteiro da Silva: a nossa Avenue Montaigne do móvel. Afinal, o design brasileiro nasce e vive por aqui.
Gerson Dutra de Sá e Ana Lucia Salama – “São Paulo é nosso cenário”
Um novo Skyline se desenha, a partir de empreendimentos e de uma nova arquitetura, com muito design e vocação. E porque não valorizarmos, resgatarmos e transportamos esse horizonte esquecido para nós. A cidade impõe um ritmo de vida, que reflete em nossos lares e na forma como desejamos morar. Le Corbusier usava uma expressão “maquina de morar”, fazendo menção à masculinidade da indústria racional, oposta ao caráter feminino do lar. Enfim, a primeira impressão é sempre a que fica e pode ficar melhor, porque, se o lugar é lindo, nossa memória fará questão de lembrá-lo sempre.
Isay Weinfeld – “Mistura fina”
Às vezes chove, às vezes faz sol. Há momentos em que você quer ficar sozinho, em outros não. Há dias em que se está mais para McDonald’s do que para foie-gras. Às vezes a gente quer andar a pé, outras vezes, de bicicleta. Algumas vezes você gostaria de sair com a pessoa certa, outras vezes você precisa sair com a pessoa errada. Há certos dias em que a gente fica morrendo de vontade de tomar uma pinga, outros dias também. Às vezes acordamos com vontade de ouvir Dalida, e dormimos ouvindo Arvo Part. Outras vezes é o contrário. Há dias em que a gente quer ficar só de calção. Outros, nem de calção.
Um dia a gente acha que São Paulo é muito feia. Outros dias também. Às vezes a gente quer sair por aí cantando, outras vezes, a gente se dá conta do ridículo. Uma vez se ama, outra vez não. Agora, se você estiver andando a pé, com a pessoa certa, num dia de sol, ouvindo Chris Montez… tudo isso junto, misturado deste jeito… isso pode ser felicidade. Mas, se preferir andar na chuva, de bicicleta, com a pessoa errada, ouvindo Arvo Part em São Paulo, isso também pode ser felicidade. Na vida, cada um de nós mistura esses ingredientes como quer. Essa é a graça.
Joia Bergamo – “Café, Arquitetura e Arte – marcas de uma profunda irmandade”
A longa e profunda relação de Milão e São Paulo estabeleceu sólidos e afetivos laços em inúmeras áreas, desde a agricultura, o trabalho, a arte, a cultura, o design e a gastronomia. A imigração italiana marcada fortemente na era do café nos traz lembranças de muitos de nossos ascendentes, “queridos nonos e nonas” de quem temos tanto orgulho, que geraram riqueza e um incrível número de empregos. A influencia é marcada na rica arquitetura de São Paulo, por exemplo, com o início da tradicional Av. Paulista e os projetos arquitetônicos dos seus aristocráticos casarões e palacetes, fruto da riqueza gerada pela agricultura do café e pela indústria.
A solidez e o orgulho da relação da cidade de Milão com São Paulo, claramente se nota pela linda Praça Cidade de Milão localizada em um dos bairros mais nobres de São Paulo, na Vila Nova Conceição, Avenida República do Líbano em frente ao nobre Parque do Ibirapuera onde os brasões de ambas as cidades se encontram orgulhosamente lado a lado, cercada por réplicas das esculturas renascentistas Noite, Aurora, Crepúsculo e Dia, de Michelangelo – feitas na década de 1960.
Olegário de Sá e Gil Cioni – “Presente-cidade-presente”
A cidade está em cada pedaço de entulho e descarte e em cada grande obra. As cores da cidade nos envolvem e influenciam a cada pensamento, nos guiando nos projetos e na busca por surpreender. É no conjunto que encontra sua identidade. A composição de volumes, linhas e cores fazem desta uma cidade diferente a cada dia. A cada projeto pensamos como podemos presentear a cidade com um novo volume: é um presente para quem vive esse espaço e para quem olha para a obra. Essa verticalidade de São Paulo leva os cidadãos a olhar para cima, na busca de um chão para caminhar. O presente da cidade é o tempo da construção, o tempo de ver e viver. Nosso presente é a transformação, um projeto para dar algo melhor. Nosso presente é acreditar que podemos fazer de São Paulo uma cidade cada vez melhor.
Leonardo Junqueira – “A minha São Paulo”
O corre–corre, o trânsito, sempre atrasado. O português, o italiano, o negro, o nordestino, o japonês, a educação, a falta de educação, o flanelinha, o sinal, a zona azul, a zona sul, a chuva, a enchente, o concreto, o elevador, o Ibirapuera, a paineira solitária do Ibirapuera, que resiste e desafia seus espinhos… O fim de semana, a feira de rua, o pastel, a empadinha, a coxinha, o kibe, a esfiha, o sushi e macarrão, a poluição, os amigos, a família, o ônibus, o metrô, o fim de tarde na Paulista, o fim da arquitetura na Paulista, o Paraíso e a Consolação. O amor, a solidão, a companhia de um paulista, o estádio em dia de jogo, a vontade de fazer e acontecer, a preguiça, sem descanso.
Márcio Kogan – “Mirando São Paulo”
Faz parte da arquitetura, tanto conhecimentos sobre design, programação visual e urbanismo; quanto sobre arte, música, cinema, economia e política. Encaramos a cidade de São Paulo, pela proximidade que temos com esses conhecimentos. É através da vivência, da experiência, da união de equipes engajadas que buscamos a essência de viver e de criar. As obras são uma citação do modernismo brasileiro, com suas formas puras e detalhes limpos. Olhamos a cidade como se fosse uma tela wide-screen do cinema. É o nosso mirante, nossa visão da cidade. Cada novo projeto é encarado como um desafio; em que as condições sociais, climáticas e topográficas do lugar, além das necessidades e vontades do cliente, são elementos fundamentais para definição do partido arquitetônico. Cada obra é uma nova história a ser contada e essa história nunca será igual à anterior.
Marí Aní Oglouyan e Rubens Ascoli – “Sampamotiva”
O mar de prédios, cortado por vias entupidas de carros, ônibus, caminhões e motos, muitas motos, faz de São Paulo a antítese do país tropical. Neste ritmo maluco, orquestrado pelo fluxo da produção, dos negócios, do dinheiro, correndo de obra em obra, de reunião em reunião, de um ponto a outro da cidade, mal temos tempo de vê-la. Aqui nascemos e aqui crescemos e nos apropriamos de cada espaço, cada parque, cada prédio, cada neurose, cada festa… sim, também festejamos, comemos- e bem, nos banhamos em arte, nos divertimos. Esbarramos em nosso passado e nosso presente em cada esquina. Nossa identidade foi esculpida pelo duro trabalho dos Bandeirantes, fundadores desta cidade que, desde então, nunca mais parou de trabalhar.
Tentamos antecipar o futuro nos nossos projetos e no nosso modo de vida, incorporando novas tecnologias e interferindo no espaço urbano com propostas para um mundo mais equilibrado. A locomotiva que é São Paulo mostra sua força, tomando a velocidade de um trem bala, impulsionado pelo combustível do empreendedorismo, persistência, e capacidade de trabalho, conectada com a dinâmica global. Cada giro dessas rodas desenha o que somos: criadores e criaturas desta cidade que amamos.
Moema Wertheimer – “Amar São Paulo”
Motivos para amar São Paulo não faltam. Para mim, ela não é apenas a maior cidade da América Latina ou uma metrópole barulhenta e desvairada. São Paulo representa um prisma com múltiplas facetas, que influenciam diariamente minha vida pessoal e minha carreira como arquiteta. A vivacidade, o dinamismo e a velocidade com que São Paulo respira é uma dessas facetas paulistanas. São Paulo é a cidade que transborda tendências e culturas e que nos conecta às novidades dos mais variados temas, como moda, gastronomia, música e design.
São Paulo também é o contraste ideal entre os monocromáticos edifícios e a alegria que colore os seus habitantes. São Paulo é a mistura primorosa de climas, costumes e raças e de cidadãos calorosos, que hoje buscam com afinco o bem mais precioso: o tempo. E nesta correria frenética de informações que nos cercam, há conceitos importantes, que não podem ser esquecidos, especialmente por uma paulistana que ama e preserva a sua cidade: a sustentabilidade e o respeito com as pessoas que ajudam a criar gerações mais engajadas com o futuro de São Paulo.
Oscar Mikail – “São Paulo multicultural”
Talvez eu seja eclético no meu trabalho por ter nascido em São Paulo, uma cidade multicultural, na qual cito como exemplos arquitetônicos e artísticos a construção neoclássica de Ramos de Azevedo na Av. Paulista denominada Casa das Rosas, o edifício Art Deco tardio concluído em 1947, de autoria de Plinio Botelho do Amaral, e a vanguarda do grafite de autoria de “Os Gêmeos” utilizado no meu espaço do evento Casa Cor 2003, trazendo a arte urbana de rua para dentro da casa.
Patricia Anastassiadis – “A Linha – O tecido”
Como uma grande válvula vital, costurada por culturas e manifestações estéticas plurais, vejo São Paulo como uma extensão real da minha subjetividade. Como filha de imigrantes, considero-me um fruto do patchwork de referências multiculturais, assim busco enxergar em cada canto do mundo a forma como cada geografia alinhava as contribuições de cada colônia. Percebo que São Paulo talvez seja a metrópole mais generosa, que permite a inscrição real de influências diversas em sua arquitetura, que abriga sabores, costumes, religiões e se cria e reinventa a partir delas.
Cada bairro da cidade não só abriga diversas origens, como se modifica com elas. O senso de unidade talvez esteja no plano simbólico, mais do que no plano real; isso nos torna mais críticos da metrópole, mais juízes do belo-não-belo de nossa própria casa, porém, não menos admiradores de sua efervescência transformadora. São Paulo, sob meu olhar, é um tecido de culturas, de idiossincrasias e de forças convergidas das pessoas que a constroem diariamente. Somos japoneses, italianos, árabes, gregos, poloneses, portugueses, armênios, espanhóis, entre outros. Uma arquitetura plural e muito singular.
Rogerio Perez – “A mistura acontece”
Cada canto, cada esquina, cada lugar de São Paulo remete à arquitetura. São Paulo é uma cidade de muitas ideias na qual o artista busca e encontra inspiração até em um simples banco de praça. Vivemos nessa cidade cosmopolita, de muita gente e muitas tribos buscando soluções. Soluções de vida, soluções de viver e de sobreviver. Mas o que mais me encanta nessa cidade é a capacidade de misturar ideias e estilos diferentes em que cada um tem seu espaço e cada um respeita o espaço do outro. É na arquitetura que encontro essas referências, observando os estilos neoclássico, contemporâneo e muitos outros, vivendo e sobrevivendo lado a lado, como se fossem cúmplices dessa mistura, se completando. Aqui, nessa cidade que não para de crescer, a mistura acontece.
Silvio, Ieda e Carina Korman – “Descobrir São Paulo”
São Paulo é hoje uma das maiores megalópoles do mundo. Com uma população de 19 milhões de habitantes, a cidade divide seu espaço entre paulistas, brasileiros de todas as partes, estrangeiros e seus descendentes. Essa peculiaridade criou uma atmosfera cosmopolita que absorve traços nordestinos, italianos, japoneses e de todas as partes, refletindo na arquitetura e criando um modo de vida próprio. Em uma cidade como esta, que não para nunca, amizades surgem em meio ao concreto e, grandes decisões são tomadas em congestionamentos. Em São Paulo o arquiteto tem um papel essencial e se torna protagonista quando assume sua maior missão: embelezar a cidade com traços acertados, bom gosto e estilo, cumprindo a função de dar a cada cidadão uma cidade mais humana e acessível.
Studio Arthur Casas – “DNA Paulistano”
São Paulo é uma cidade em que bairros vizinhos possuem suas próprias tipologias e usos completamente diferentes. A cidade possui características específicas que moldam o cidadão e o arquiteto. Esse traduz a cidade à sua maneira, à sua linguagem de linhas, cores, elementos e mobílias. Buscamos nesse caos urbano, expressar o nosso saber através de formas limpas, retratando a afirmação e negação de uma cidade de muitos estilos. São Paulo é uma cidade que cresceu sem freios, sem planejamento, deixando muitos de seus primeiros projetos esquecidos. A arquitetura busca, portanto, responder às necessidades de cada situação, cada terreno, cada bairro, cada cidadão paulista, transformando essa cidade cosmopolita em um conjunto de pessoas, que lado a lado, compõem o DNA paulistano, nosso maior orgulho.
Sueli Adorni – “Silhueta”
As ideias que expressam os tempos modernos e contemporâneo, traduzidas em arrojo, dinamismo, experimentação e conteúdo real, criam identidade e reconhecimento. Um ícone na história paulistana em que a renovação da linguagem, a busca pela verdadeira liberdade de expressão e ruptura de vários paradigmas foi a Semana de Arte de 1922. Essa semente plantada no passado com coragem e empreendedorismo renovou a forma de pensar da arte nacional e estabeleceu fortes raízes para a nossa atualidade. Nessa trajetória, trago comigo os símbolos e referências da minha própria cidade, de viagens, de estudos e pesquisas e percebo que o diálogo entre culturas é enriquecedor e repleto de pontos de convergência.
Se por um lado a cidade de São Paulo é conhecida como a terra do empreendedorismo, sempre mostrou que também tem estilo próprio na área artística. Esse marco cultural, a vivência, a cidade de São Paulo e o reconhecimento do meu trabalho me inspiram e emociona e é com o mesmo empreendedorismo e coragem que participo dos novos desafios no Brasil e no Mundo. “Viver com a Arte abrolha êxtase à vida.”
Triptyque – “Descontinuidade”
São Paulo é o coração econômico do Brasil. Na década passada apresentou um crescimento econômico inacreditável, gerando um aumento na procura por habitação e a ascensão de uma classe média que deseja uma qualidade de vida melhor.
O tradicional edifício Paulista – que é o adjetivo usado para pessoas que são de São Paulo – foi concebido fora do enredo dessas últimas duas décadas, sem qualquer interação com o contexto urbano, apenas muros altos e cabines de controle.
O medo coletivo da violência e o desejo por espaços privados de lazer que incluem piscinas, playgrounds e churrasqueiras, salão de ginástica etc. justifica, de maneira política, esta forma urbana. O que nos incomoda com essas tipologias é que elas não estão melhorando a qualidade da cidade como um todo, nem de maneira formal ou volumétrica, tampouco em termos de vida urbana. Nós buscamos, portanto, criar um ambiente diferenciado, formatos variados, visando individualizar cada trabalho, porém, criando uma composição de acordo com o estilo de vida de cada um.
“EXPOSIÇÃO “BANDEIRAS DE SÃO PAULO”
Local: Palazzo Giureconsulti Affari, Piazza Duomo, Milão, Itália
Data: de 12 a 17 de abril, das 10h às 22h
Conteúdo: 20 bandeiras, de 0,80cm x 3 m, com imagens e texto, impressas em tecido
www.grabrielbrasildesign.com.br