Glauco é homenageado com charges dos amigos

Postado em: 25 / 04 / 2010

 
Glauco Villas Boas - Foto Rafael Falavigna

Glauco Villas Boas - Foto Rafael Falavigna

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Está em cartaz, até o dia 30 de maio de 2010, na pizzaria, Pizza do Babbo, em São Paulo, ponto de encontro dos desenhistas, a exposição de charges, “Fala, Paga!”, uma homenagem póstuma ao cartunista Glauco Vilas Boas, 53. O artista foi assassinado no dia 12 de março de 2010, em sua casa, em Osasco (SP), junto com seu filho, Raoni Villas Boas, de 25 anos, por um ex-adepto da seita Santo Daime, da qual Glauco era líder.

O nome da exposição, “Fala, Panga!”, traduz a expressão que Glauco usava para se dirigir aos amigos. Participam da mostra artistas, colegas ou pessoas que tiveram o trabalho diretamente influenciado pelo cartunista. Na homenagem, cada artista se apropriou, a seu modo, do espírito anárquico de personagens como Geraldão, Dona Marta e Zé do Apocalipse, criados por Glauco, para expressar seu carinho e admiração pelo cartunista na forma de charges.

A lista dos 28 artistas que participam da mostra é composta por: Adão Iturrusgarai, Airon Alcy, Allan Sieber, Angeli, Arnaldo Branco, Benett, Chiquinha, André Dahmer, Dálcio, Emílio Damiani, Galvão, Luiz Gê, Fernando Gonsales, Gustavo Duarte, Jaguar, Jean, Leonardo, Mariza, Nani, Orlando, Paulo Caruso, Pelicano, Solda, Spacca, Tiago Recchia e Ziraldo.
Glauco por Pelicano

Glauco por Pelicano

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
  

 Glauco por Galvão

 

 

Glauco por Galvão

  

Curadoria

A curadoria da exposição é do cartunista Orlando Pedroso, que trabalhou com Glauco na Folha de S. Paulo, entre 1979 e 1981 e voltou a reencontrá-lo na redação da Folha em 1985. Essa convivência levou Orlando a ter opinião própria sobre o cartunista que tanto admira.

“O Glauco não sabia fazer de outra forma porque era movido quase instintivamente. Agia e criava sem as amarras ou limitações sociais que norteiam o mundo adulto. Ele criava como se fosse uma criança e fazia assim porque era o que ele tinha que fazer.”

Orlando conta que em 1978 surgiu nas páginas do Vira-Lata, na Folha de S. Paulo, um desenho e um humor diferentes das criações de Angeli, Laerte, Alcy, Nilson, Jotinha, entre outros, que naquela época aproveitavam o início da abertura política para espinafrar o que ainda restava da ditadura militar. Enquanto essa turma criava um humor pesado, rancoroso e engajado, o Glauco veio com um humor engraçado, leve, cheio de movimento e delicadeza.

 

Glauco por Orlando

Glauco por Orlando

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Glauco por Solda

Glauco por Solda

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Ele trazia novos ares e um espírito que iria mudar de vez a forma de se trabalhar a charge e o cartum na imprensa brasileira. Seus cartuns não respeitavam nada. O preso passava o pé na bunda do guarda, a menina deixava escapar à mesa do almoço que fizera um aborto dias atrás ou que tinha vários namorados, o defensor do feminismo pedia à namorada para pagar a conta no restaurante e o guardinha de trânsito botava ordem no cruzamento no qual havia uma passeata de cada lado. O peso de se fazer uma charge desaparecia e se tornava algo prazeroso e divertido.”  

Glauco por Ziraldo

Glauco por Ziraldo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  Glauco por Paul 

Glauco por Paull

 

Orlando recorda que os encontros com Glauco começavam com sua tradicional saudação, “Fala, Panga!”, seguida de um rosário de piadas e expressões sempre particulares, muito engraçadas e muitas vezes ingênuas, quase infantis, mas sempre imprevisíveis.

“O Glauco era gênio, amigo, figurinha carimbada, nosso John Lennon, não importa. O que fica agora é sua obra, a capacidade de contar a mesma piada centenas de vezes e de ela ser sempre boa, o talento de ter conseguido empurrar ladeira abaixo velhos padrões de comportamento e de conseguir com seu traço econômico que nosso mundo, o dos leitores, se tornasse muito melhor.”

  

 

Glauco por Allan

Glauco por Allan

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Glauco por Nani

 

 

Glauco por Nani

 

A origem

Glauco Vilas Boas era paranaense de Jandaia do Sul, nascido em 10 de março de 1957. Publicou sua primeira tira em 1976 no Diário da Manhã, de Ribeirão Preto. Foi premiado no Salão Internacional de Humor de Piracicaba em 1977 e 1978 e na 2ª Bienal de Humorismo Y Gráfica de Cuba. Começou a colaborar na Folha de S. Paulo em 1979. Editou pela Circo Editorial, entre 1987 e 1989, a revista Geraldão.

O cartunista criou personagens como Dona Marta, Zé do Apocalipse, Doy Jorge Geraldão, Geraldinho etc. Em maio de 2000 criou seus primeiros personagens para a Internet, Ficadinha e Netão. Glauco também inspirou personagens de outros cartunistas. Angeli baseou-se nele para criar o Rhalah Rikota, “na época em que o Glauco era seguidor do guru indiano Rajneesh”, diz Angeli. Também foi colaborador das revistas, Chiclete com Banana e Circo, e roteirista da TV Pirata e TV Colosso, da Rede Globo.

Apesar de imprimir mudanças em suas histórias para acompanhar as mudanças sociais e culturais, Glauco continuou fiel ao seu traço único, desenhado com nanquim. Usava o computador só para colorir as tiras, depois de escanear seus desenhos. “Para meu tipo de desenho, só mesmo com a pena, que dá um traço peculiar”.

  

Glauco por Jean

 
 Glauco por Jean

  

 Onde encontrar:

 Pizza do Babbo

Quando 30 de março a 30 de maio de 2010

Horário 18h às 23h30

Curadoria: Orlando Pedroso

Rua Joaquim Antunes, 824 – Pinheiros – São Paulo – SP

 

http://www2.uol.com.br/glauco/

 

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