O boom do 3D no cinema, na TV e nos computadores

Postado em: 16 / 10 / 2010

   
Capa da Playboy inaugurou 3D no mercado editorial brasileiro

Capa da Playboy inaugurou 3D no mercado editorial brasileiro

 

Christian Zaharic

A capa 3D da Playboy, que foi às bancas em setembro de 2010, é uma pista de como os recursos tridimensionais vão explodir nos próximos anos. Mesmo sem ter planejado, a modelo paraguaia Larissa Riquelme inaugurou um marco na indústria editorial brasileira: a popularização da tecnologia 3D para visualizar fotografias.

O que pode parecer apenas uma ação de marketing inteligente é, na verdade, a ponta do iceberg da revolução que a experiência dos consumidores com quaisquer tipos de conteúdo está prestes a ocorrer.

De um lado, a indústria de televisores não pára de produzir modelos para essa nova tendência. Para citar apenas as principais, Samsung, LG e Panasonic estão entre as que já lançaram TVs com recursos 3D. Nos EUA, a venda de aparelhos 3D deve representar 10% do mercado neste ano e a previsão para 2011 é de que esse percentual suba para 30%.

Do outro, falta conteúdo para ser exibido. Embora alguns testes em transmissões esportivas tenham sido feitos e redes como ESPN e Discovery já tenham anunciado a produção de conteúdos tridimensionais, ainda não há perspectivas de eventos de grande porte, como o Super Bowl americano ou o Campeonato Brasileiro de Futebol ser transmitidos massivamente em 3D.

Aparelhos de TV 3D já estão no mercado, mas falta conteúdo programá

Aparelhos de TV 3D já estão no mercado, mas conteúdo programático ainda é pequeno

Em uma iniciativa pioneira – e piloto, pois o projeto envolverá apenas as cidades ao redor de Stuttgar –, a empresa alemã de TV por assinatura, Sky Deutschland, anunciou que a partir de outubro transmitirá gratuitamente parte de sua programação em 3D. Será que não há conteúdo por ausência de público que o consuma ou não há público por ausência de conteúdo que o motive?

Nas salas de cinema, o estardalhaço costuma ser maior, por envolver as maiores somas publicitárias. Enquanto apenas 15 filmes foram produzidos em 3D entre 2005 e 2008, somente em 2010 serão 70. Muitos deles, contudo, não conseguirão chegar à sala de exibição mais próxima do espectador por falta de estrutura técnica.

E é claro, vale ressaltar que para conquistar o cliente e fidelizá-lo neste momento inicial é importante que a experiência proporcionada seja realmente impactante, senão ele não volta. Filmes de ação e ficção geralmente justificam mais o preço elevado do ingresso do que outros gêneros, por exemplo. Assistir, onde quer que seja, no cinema ou em casa, à tramas românticas com casais passeando no parque em tecnologia 3D é um desperdício high-tech e uma questionável jogada comercial.

Filme A era do Gelo ganhou versão em 3D

Filme A era do Gelo ganhou versão em 3D

Computadores 3D à frente

O segmento de computadores, por sua vez, parece ser o que está mais bem preparado e equipado para atender às expectativas dos consumidores, mesmo os que nem mesmo se consideram geeks ou gamers. O PC 3D vem crescendo na surdina, sem tanto barulho quanto as demais plataformas, mas com um êxito que chama atenção.

Programas de edição de imagens ainda em 2010 oferecerão aplicativos para o tratamento de fotos 3D. Sites de hospedagem e visualização de fotos em breve anunciarão seus dotes na transformação de fotos comuns em mídias tridimensionais. Isso sem falar nos sites de vídeo, que não tardarão a anunciar suas novidades.

Segundo dados recém-divulgados pelo IBGE, mais de um terço dos domicílios brasileiros já possui um microcomputador e as perspectivas de crescimento deste mercado são cada vez maiores. As vendas de PCs portáteis deverão subir 19% ao ano até 2014, segundo a In-Stat, e as vendas de smartphones aumentarão 55,4% em 2010, de acordo com a consultoria IDC.

Games 3D para PC disponíveis no mercado somam mais de 500

Games 3D para PC disponíveis no mercado somam mais de 500

E não há dúvida de que a tecnologia 3D poderá pegar carona nessa boa maré digital. O preço, hoje, de um PC 3D completo gira em torno de três mil reais, valor não muito distante dos aparelhos convencionais. Além disso, “tridimensionalizar” seu PC ficou simples. Basta adquirir o monitor adequado, óculos especiais e uma boa placa de vídeo.

Além disso, o conteúdo 3D disponível para computadores é infinitamente maior do que aquele destinado às demais interfaces. Só os games 3D para PC disponíveis no mercado são mais de 500. E os títulos devem se tornar cada vez mais numerosos, se levarmos em conta que o setor cresce a uma taxa média de 10% ao ano no mundo.

Só no Brasil a expectativa é de que a indústria de desenvolvimento de jogos cresça mais 50% em 2010. Com tamanha ascensão do segmento e o lançamento progressivo de máquinas compatíveis com a tecnologia, não surpreende que os atuais gamers do país se multipliquem rapidamente.

O 3D é um caminho sem volta, assim como aconteceu com as câmeras digitais em relação às analógicas, pois os consumidores retornam da experiência com níveis mais elevados de exigência.

Christian Zaharic é diretor de marketing da NVIDIA no Brasil.

www.nvidia.com.br

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