Cartões de crédito e débito: o valor do design

Postado em: 11 / 06 / 2011

 

Angelo Garcia

Angelo Garcia

Angelo Garcia

Os cartões de crédito e débito conquistaram seu espaço. Desde o primeiro cartão de crédito lançado no Brasil, em 1956, com a bandeira Diners, que na época era um cartão de compras aceito apenas em seletos restaurantes, passando pelo primeiro cartão de débito, lançado pelo Bradesco, até o boom de opções que presenciamos atualmente podemos observar o quanto esses novos meios de pagamento foram bem recebidos no Brasil.

Os cartões evoluíram muito desde então, assim como o seu design, que passou a ser um importante atributo para seu sucesso. O cliente tem que identificar-se com o cartão e o designer precisa conhecer bem cada público para criar um design atrativo. Há certos públicos para os quais o design pode ser decisivo para o sucesso ou fracasso do cartão. Um deles, por exemplo, é o universitário.

Se esse público, por algum motivo rejeitar o design do cartão, não haverá ação de marketing que possa fazê-lo mudar de ideia. Desenvolvemos, certa vez, uma linha de cartões de crédito para universitários. Como diferencial, definimos quatro perfis de público: tecnológico, antenado, baladeiro e o público feminino.

Para cada um deles foram desenvolvidas opções que iam desde fundos holográficos até tintas que brilhavam no escuro. O projeto foi um sucesso. Outro cartão que obteve um grande sucesso foi o do Instituto Ayrton Senna. Para esse cartão chegaram a ser desenvolvidos mais de 90 layouts até chegar-se à solução final.

As bandeiras investem pesadamente no design dos cartões e a todo o momento introduzem diferenciais que agregam valor ao produto. A última tendência são os cartões que trazem a foto do cliente, enviada por ele mesmo, aplicada no fundo do cartão.

 

Os cartões decrédito do Instituto Ayrton Senna, com a imagem de Senna  alcançaram grande sucesso

Os cartões de crédito do Instituto Ayrton Senna, com a imagem de Senna, fizeram muito sucesso

Segundo a Associação Brasileira de Créditos e Serviços (ABECS), existem mais de 628 milhões de cartões em circulação no Brasil. Isso significa que é um mercado com uma demanda latente e que possui um grande espaço para criar, inovar e introduzir novos conceitos.

Para a classe A, as bandeiras já lançaram os cartões “top de mercado”, introduziram a cor preta, a laminação fosca e materiais metalizados para criar um objeto de desejo. Mas, daqui a pouco, todo mundo vai ter um cartão preto fosco. O que fazer então? O cartão de crédito nada mais é do que uma embalagem, só que de um serviço. Como toda embalagem, precisa estar mudando constantemente, acompanhando e criando novas tendências.

A última pesquisa do Ibope com o Target Group Idex, divulgada no final de 2010, entrevistou cerca de 20 mil pessoas e apontou que a participação do cartão de crédito ou private label entre os meios de pagamentos utilizados pela classe C aumentou de 45%, em 2005, para 53% em 2009.

Qual o objeto do desejo desse público em termos de design de cartões? Na verdade, ainda precisamos aprender muito com eles e só vamos conseguir investindo em design. A mesma pesquisa indica que a tendência é que a posse e uso do cartão de crédito na classe C deverá aumentar ainda mais nos próximos anos. Estima-se que a classe C tenha quase 100 milhões de pessoas, ou seja, mais da metade da população do Brasil.

 

Cartões comemorativos da Copa de 2010 criados pela Cauduro Associados

Cartões comemorativos da Copa do Mundo de 2010, criados pela Cauduro Associados

Tente imaginar, quantos cartões são emitidos por ano apenas pelos quatro maiores bancos do Brasil. Por que não fazer cartões com plástico biodegradável? É uma atitude bem simples, mas que pode gerar um enorme retorno em termos de imagem para as instituições. A matéria prima já está disponível.

Entre as classes D e E, o uso do cartão aumentou de 28%, em 2005, para 31%, em 2009. Nas classes A e B, o crescimento da utilização do cartão também continua acelerada. Em 2005, 66% da população pertencente às classes A e B utilizavam cartões de crédito e private label. Em 2009, esse número chegou a 74%. Ao todo, a pesquisa mostrou que 57% da população possuem cartão de crédito.

Como mostram os dados, a tendência é que o uso do chamado “dinheiro de plástico” continue em constante aceleração e ganhe cada vez mais adeptos. Em um mercado promissor, o design aparece como o diferencial entre tantas opções e para todas as classes sociais.

O design deve levar opções aos bancos ou às bandeiras com o objetivo de atender às necessidades de cada perfil de cliente. Cabe à instituição criar produtos adicionais que conquistem e fidelizem os consumidores. O design é um grande aliado nesta trajetória. Com ideias inovadoras e criativas é possível oferecer opções atraentes, simples e funcionais, diferenciar-se, fidelizar e ainda agregar valor à marca. 

Angelo Garcia é diretor-associado da Cauduro Associados, empresa especializada em branding e design. Ângelo Garcia formou-se arquiteto pela FAUUSP – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (1979), associou-se a Cauduro Associados em 1982 e atua como diretor responsável pelo desenvolvimento e implantação de projetos.

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