O propósito e o jeito de ser que dão liga e vida a uma empresa

Postado em: 09 / 04 / 2013

César Queiroz

César Queiroz

César Queiroz

Se existe um grupo, então, existe uma liga. Forte o suficiente para unir as pessoas. É essa liga, essa cola, que traz sentido e direção, que aponta um caminho para esse grupo. É como se existisse um pacto, um acordo que paira no ar. Não é que ninguém tenha sentado com advogados e estabelecido regras, cláusulas e, no fim, tenha sido imposto um jeito de ser. Não é sobre advogados, é sobre pessoas e seus vínculos.

Assim, acontece uma das coisas mais interessantes da vida humana: a construção coletiva de sentido. Na conexão de uma pessoa com outra e mais uma e, adiante, mais outra e, de repente, um grupo. Dessa forma, esse sentido vai crescendo e, de tão forte, move todo o grupo. Ele é o imã que junta e liga as pessoas. E quando isso acontece, duas coisas saltam aos olhos:

 

1. Um propósito

Que liga, junta e dá coesão, traz o sentimento de pertencimento às pessoas e um senso de direção comum muito claro. O propósito é o alvo que desejam alcançar, uma ideia à qual querem se associar, uma paixão à qual desejam se entregar. Uma promessa que buscam cumprir, uma ideologia à qual entregam suas vidas, uma razão que gera sentido, uma causa pela qual dão o sangue, uma crença pela qual são movidas. O propósito é a resposta simples e clara da pergunta: “Por que existimos?”.

 

2. Um jeito de ser

Se existe um propósito, ele implica, necessariamente, em um jeito de ser, de se portar. E dele nascem um discurso, um vocabulário, expressões, prioridades, valores, comportamentos e um estilo. É o que torna um brasileiro diferente de um alemão, um americano diferente de um francês. Se existimos por uma razão, o jeito de ser é a resposta simples e clara à pergunta: “Como, então, devemos viver?”.

 

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Essas são duas perguntas que qualquer grupo humano responde facilmente, não necessariamente de forma verbal. Seja uma tribo indígena, uma família, um time de futebol, uma nação, um partido político, uma ONG, uma igreja, um grupo de interesse e, claro, por que não, uma empresa?

Empresas são pessoas ligadas por uma razão. Por isso, a questão financeira deve ser uma consequência e, jamais, a razão de existirem. E as respostas às perguntas “Por que existimos?” e “Como devemos viver?”, não vêm prontas. Se existe uma identidade, ela é vista e sentida mais facilmente pelo comportamento, vocabulário, discurso, atividades, prioridades, práticas, vontades e histórias do grupo. De quê adianta investir tanto em ferramentas de RH, tecnologia de informação, gestão de conhecimento, inteligência competitiva, processos, sem antes responder a essas duas perguntas?

Qual o propósito e o jeito de ser de uma empresa, que guiam a forma como as pessoas trabalham, os rituais de celebração, os desejos do grupo, o modo de atender ao telefone, de conversar, o relacionamento entre as equipes e com os clientes e outras pessoas interessadas na empresa?

Qual o propósito e o jeito de ser de uma empresa, que embasam a troca de informações e experiências, o jeito que as pessoas aprendem umas com as outras, como enxergam os clientes e suas realidades, como o estilo e função do ambiente são construídos, como a comunicação é estabelecida, como o comportamento do grupo é exteriorizado, como os produtos e serviços são criados?

Tudo na empresa, suas trocas e ações, deve ser uma tangibilização de sua identidade. Se não for, não há sentido. E é pela construção desse sentido que a empresa ganha vida, é assim que ela é sentida e faz diferença na vida das pessoas. E é dessa maneira que ela se torna única, diferente de todas as outras empresas.

César Queiroz é estrategista de marca, co-criador do Fieldwork Group. Apaixonado por descobrir o que é único e relevante em pessoas e empresas.

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