Fotos na Paulista celebram 100 anos do Samba e Dia do Trabalho

Postado em: 30 / 04 / 2016

Donga, primeiro compositor a registrar um samba (_ArquivoAgência-O-GloboDivulgação)

Donga, primeiro compositor a registrar um samba (_ArquivoAgência-O-GloboDivulgação)

Maria Edicy Moreira

O Samba comemora seus 100 anos em grande estilo na Avenida Paulista, em São Paulo. Será inaugurada amanhã, 1º de maio de 2016, a mostra “Os Trabalhadores e os 100 Anos do Samba”. Fotografias dos maiores ícones desse estilo musical genuinamente brasileiro e de elementos que marcaram a história do samba serão apresentadas em 30 painéis medindo 4 metros de altura.

Em novembro de 1916, o compositor Donga (1890-1974) marcou seu nome na história e na música brasileira: registrou na Biblioteca Nacional a partitura da canção “Pelo Telefone”, que havia sido composta em uma roda de músicos num terreiro de candomblé. Assim, ele foi considerado o primeiro samba.

Noel Rosa, um dos  nomes que ajudou a popularizar o samba (foto: Autor-desconhecido Divulgação)

Noel Rosa, um dos nomes que ajudou a popularizar o samba (foto: Autor-desconhecido Divulgação)

A partir daí o ritmo tipicamente brasileiro ganhou não só as rodas, mas as gravadoras e rádios de todo o Brasil, conquistando cada vez mais fãs, afinal, “quem não gosta de samba bom sujeito não é”, como canta Dorival Caymmi. Como em 2016 o samba comemora seu primeiro centenário, a União Geral dos Trabalhadores (UGT) decidiu prestar uma homenagem ao ritmo e aos trabalhadores na exposição fotográfica “Os Trabalhadores e os 100 Anos do Samba”.

A mostra ficará em cartaz na Avenida Paulista, um dos principais cartões postais da cidade de São Paulo, a partir do dia 1º de maio, em comemoração do Dia Internacional do Trabalho. Também como parte da programação será realizado o seminário com o tema O Papel dos Trabalhadores em Tempos de Crise.

Ataulfo Alves Foto: Arquivo Agência O Globo

Ataulfo Alves Foto: Arquivo Agência O Globo

O samba está intimamente ligado aos trabalhadores, afinal as rodas de samba eram realizadas depois de um dia cansativo de trabalho ou, segundo alguns historiadores, como uma forma de criticar o mundo burguês capitalista e mostrar a realidade do trabalho assalariado. É essa a intenção da exposição fotográfica a céu aberto: não só retratar os ícones do samba, mas também mostrar como o trabalhador era retratado nas canções.

“O samba não é só uma manifestação cultural, mas também um símbolo de luta e inclusão social. Pensamos em uma exposição em que o trabalhador se visse como parte dela, se identificasse. Vários sambistas, antes de tudo eram trabalhadores: Cartola trabalhou como lavador de carros, Adoniran foi entregador de marmitas, Paulinho da Viola teve emprego como bancário, e por aí vai”, afirma o presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo e da União geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah.

Clementina de Jesus, aclamada como Rainha Ginga (Foto: Arquivo Agência O Globo Divulgação)

Clementina de Jesus, aclamada como Rainha Ginga (Foto: Arquivo Agência O Globo Divulgação)

 

A exposição

A exposição fotográfica “Os Trabalhadores e os 100 Anos do Samba”, organizada pela União Geral dos Trabalhadores (UGT), será uma homenagem a todos os trabalhadores, levando em conta que, além de ser sambistas, os homenageados eram trabalhadores em diferentes profissões, e fizeram parte de momentos históricos em que o ritmo contribuiu de forma decisiva para traçar novos caminhos para o trabalhador brasileiro.

Jorge Aragao (Foto: Leonardo Aversa Agência O-GloboDivulgação

Jorge Aragao (Foto: Leonardo Aversa Agência O-GloboDivulgação

“Iremos mostrar a trajetória da principal manifestação da identidade cultural do Brasil, assim como a discriminação sofrida no início do século, o modo como ele retratava o modo de vida das camadas mais carentes da população e seu papel de denúncia e sua capacidade transformadora. Será ainda o retrato dos enredos das Escolas de Samba de momentos memoráveis dos trabalhadores e da história do Brasil”, explica Francisco Pereira, o Chiquinho, secretário de Organização e Políticas Sindicas da UGT e presidente do Sindicato dos Padeiros de São Paulo.

Clara Nunes, uma das mais poderosas vozes do samba (Foto: Arquivo Estadão Conteúdo)

Clara Nunes, uma das mais poderosas vozes do samba (Foto: Arquivo Estadão Conteúdo)

A produção da exposição é de Maná Produções e Eventos, a pesquisa da mostra ficou a cargo do jornalista Celso de Campos Jr – autor da biografia de Adoniran Barbosa – e a seleção de fotos da DOC Galeria, escritório de fotografia, dos sócios Fernando Costa Nettoe Mônica Maia.

Ícones do samba na Paulista

Adoniran Barbosa~, considerado o pai do Samba de São Paulo (Foto Arquivo de Família Divulgação)

Adoniran Barbosa, considerado o pai do Samba de São Paulo (Foto Arquivo de Família Divulgação)

Quem passar pela Avenida Paulista, por onde transitam 1,5 milhão de pessoas por dia, segundo o Instituto Data Popular, irá se deparar com painéis com grandes nomes do samba. A exposição se estenderá por cerca de 1 km da via, com início em frente à Caixa Econômica Federal, próxima a rua Ministro Rocha Azevedo, até a Gazeta.

As pessoas poderão ver imagens de Donga, que registrou o primeiro samba; Pixinguinha, considerado um dos maiores compositores popular do Brasil; Clementina de Jesus, aclamada como Rainha Ginga, que encantou plateias com sua voz e imagens poderosas; Cartola, símbolo da fina estampa do samba urbano carioca; Noel Rosa, um dos mais importantes nomes do samba e que ajudou a popularizar o gênero; Adoniran Barbosa, considerado o pai do samba paulista; Nelson Cavaquinho, um baluarte do ritmo com suas composições elegantes; e Assis Valente, um dos compositores prediletos de Carmem Miranda; Jackson do Pandeiro, chamado de “Rei do Ritmo”.

Dona Ivone Lara, uma das primeiras mulheres a ingressar no universo masculino de compositores de escolas de samba  (Foto: Paula Giolito Folhapress)

Dona Ivone Lara, uma das primeiras mulheres a compor para escolas de samba (Foto: Paula Giolito Folhapress)

Também serão lembrados Dona Ivone Lara, uma das primeiras mulheres a ingressar no universo masculino de compositores de escolas de samba do Rio de Janeiro; Zé Keti, que cantou favelas e malandragens em suas músicas; Paulo Vanzolini, o mais diplomado dos sambistas brasileiros; Geraldo Filme, grande divulgador da história do samba paulista; Bezerra da Silva, estereótipo do malandro carioca (mesmo ele sendo pernambucano).

Martinho da Vila, um dos maiores dínamos da cultura brasileira (Foto: Leonardo Aversa Agência O Globo Divulgação)

Martinho da Vila, dínamo da cultura brasileira (Foto: Leonardo Aversa Agência O Globo Divulgação)

Também serão homenageados na exposição Martinho da Vila, um dos maiores dínamos da cultura brasileira; João Nogueira, fundador e anfitrião do Clube do Samba; Paulinho da Viola, um dos mais celebrados músicos brasileiros. Chico Buarque, que expôs suas posições políticas em sambas memoráveis; Clara Nunes, uma das mais poderosas vozes do samba; e Jorge Aragão, referência na música nacional.

“Tentamos selecionar representantes das várias fases e décadas deste primeiro centenário do samba. E também de lugares: embora o ritmo tenha se popularizado e ganhado o mundo a partir do Rio de Janeiro, buscamos bambas de outras partes do Brasil que representaram o gênero com a mesma maestria. Palco da exposição, São Paulo, por exemplo, está representada por Adoniran Barbosa, Paulo Vanzolini e Geraldo Filme”, afirma Celso de Campos Jr.

 

SERVIÇO

Exposição 1º de Maio – Os Trabalhadores e os 100 Anos do Samba

Quando: a partir do dia 1º de maio até o dia 30 de maio de 2016.

Onde: Avenida Paulista – São Paulo

 

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